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Insurtechs: a próxima novidade depois do Netflix, Uber, Nubank e Airbnb

Fonte: Flavia Gamonar Data: 24 novembro 2016 Nenhum comentário

Durante muito tempo diversos serviços engataram o automático e pouco ofereceram de novo para seus consumidores. Por anos, estivemos acostumados a ser tratados como massa e pouco podíamos escolher. Essa massificação vem de longe, desde quando o televisor chegou à casa das pessoas, que no início tinham quase nenhuma opção de programas para escolher. A própria publicidade nesta época era sempre dirigida às massas, afinal, não existia como segmentar. Agora, bem diferente, usamos o Netflix em nossas TV´s, tablets ou smartphones e assistimos o que quisermos, na hora que desejarmos.

Conforme as tecnologias avançaram e se refinaram, novas possibilidades surgiram. O digital permitiu que negócios pudessem se focar em nichos de forma muito mais cuidadosa, sem que isso significasse um custo maior. Foi assim que a Amazon nos ofereceu a possibilidade de encontrar uma infinidade de títulos que não encontraríamos nas prateleiras, devido sua alta especifidade. O digital não demandava espaço nas prateleiras e a internet virou o reduto perfeito para se encontrar o nicho do nicho, assunto extensamente abordado por Chris Anderson em “A Cauda Longa”.

Hoje é possível segmentar a publicidade de forma muito refinada usando ferramentas digitais. Estudos de neuromarketing já ressaltam que o cérebro do consumidor é tão diferente, que existiam milhares de segmentações possíveis. Já se sabe que segmentar apenas em homem e mulher não é suficiente, porque até mesmo o cérebro de uma mulher que já é mãe torna-se diferente de uma mulher que ainda não é (Martin Lindstrom aborda este tema em seus livros de neuromarketing). Agora a publicidade pode ser segmentada e direcionada por idade, regiões, hábitos e infinita combinação de informações, permitindo impactar quem mais tem potencial de se interessar, personalizando a entrega do conteúdo e não enviando algo que não interessa àquele público.

Até o marketing se refinou e parou de fazer SPAM, usando plataformas de automação que permitem entregar o conteúdo realmente relevante para o público. Além destas possibilidades, essas ferramentas permitem medir os resultados das ações de forma bem mais precisa e entender o que agradou, o que funcionou e reajustar a rota.

A tecnologia também permitiu uma nova opção para nos locomover com o surgimento do Uber, que veio com a proposta de oferecer transporte em carros bacanas, com atendimento diferenciado e preço mais baixo, focada não apenas no pague pelo uso de forma justa, mas em uma experiência de usuário muito melhor.

O AirBnB nos mostrou que podíamos alugar quartos ou casas inteiras de pessoas que tinham um espaço sem uso e, outros serviços apostaram também na economia compartilhada, permitindo até mesmo alugar a furadeira de alguém em sua cidade, fazer o buraco na parede que você precisava e devolver em seguida, pagando apenas pelo uso. E que coisa! A gente achava que nunca andaria no carro de um desconhecido ou nunca se hospedaria na casa de quem não fosse um amigo.

Todos esses modelos novos sugiram em meio a um estranhamento de algum modo. Como diria Shumpeter, a princípio toda inovação é destruidora e só aos poucos ela se assenta e mostra seus benefícios, passando a fazer sentido para o consumidor. Se a princípio ela parece apenas negativa, pois soa que vai acabar com postos de trabalho, logo se percebe que ter uma opção a mais é oferecer escolha para o consumidor, e que logo cada um desses serviços se acomodam, o mercado se reinventa e surgem outras demandas de trabalho (por isso sempre cito que a característica de ouro do profissional de hoje é ser sempre atualizado e bem flexível). Um exemplo? Quando o Nubank surgiu, as pessoas perceberam que havia uma forma diferente de ser atendido, de forma descontraída, com um serviço transparente e que muitas vezes surpreendia. A princípio parecia loucura trocar a conta em um banco consagrado por anos para guardar seu dinheiro em uma startup, mas o medo logo desapareceu e há clientes tão satisfeitos que jamais desejariam voltar ao modelo anterior.

O que essas empresas inovadoras têm em comum? Todas elas assustaram no início, tanto o público, quanto o setor “ameaçado”. No caso das fintechs, como o Nubank, percebemos o mercado se movimentando, bancos e operadoras de cartões buscando por novidades e até contratando equipes para não ficar para trás e lançar produtos novos. Já no caso no Uber, taxistas a princípio se rebelaram, mas muitos logo entenderam que podiam fazer algo para mudar e oferecer um serviço melhor, afinal, havia espaço para todos, mas eles seriam impactados de verdade se permanecessem iguais para sempre.

Muita coisa mudou, mas ainda existiam áreas que permaneciam iguais, como a dos seguros. Então, surgiram empresas focadas em associar tecnologia de ponta e personalização para resolver problemas e aí algo novo começou a aparecer: as insurtechs, já em operação lá fora, mas ainda novidade no Brasil.

A PwC publicou um relatório sobre fintechs recentemente e o líder global de seguros por lá, Stephen O´hearn, disse que as seguradoras tem inigualável acesso aos dados do consumidor e que usando tecnologia de ponta para analisá-los de forma minuciosa, podiam gerar resultados e benefícios significativo para os usuários.

A tecnologia tem ajudado as companhias a melhorar e modernizar seus processos, oferecer uma experiência melhor e criar novos produtos mais assertivos nas vendas e nos custos e vai beneficiar o consumidor no momento de fazer um seguro também. Durante muito tempo fomos avaliados de forma meio parecida na hora de contratar um seguro para o automóvel, por exemplo. O preço a pagar era baseado nos dados preenchidos na cotação e assim permanecia durante toda a vigência. Porém, no dia a dia da utilização, não se podia diferenciar o motorista cuidadoso daquele que vivia exposto a riscos – a não ser que acontecesse uma colisão (e, consequentemente, um sinistro). E por que não usar tecnologia de ponta para entender estes perfis e oferecer vantagens a quem dirige melhor?

A Consultoria Gartner elencou 10 tendências para os próximos 4 anos e, dentre elas, são citados algoritmos sendo usados para modificar comportamentos. Isso quer dizer que se existe um aplicativo acompanhando o motorista ao dirigir, ele pode calcular de forma mais precisa o quanto ele vai pagar pelo seguro, afinal, não faz sentido pagar o mesmo se você usa menos o carro ou é mais prudente, certo? Além disso, ao lembrar que se você for mais cuidadoso terá vantagens, vai acabar dirigindo com mais cuidado.

Nesta linha já existe algo bem bacana surgindo no Brasil, a thinkseg, uma insurtech fundada por André Gregori, que traz a proposta de permitir contratação de seguro por meio de um aplicativo no smartphone, de forma simples e com preço justo, do tipo pague pelo uso. Além disso, tecnologia de ponta foi associada para tratar o motorista de forma individualizada e personalizada, oferecendo benefícios para quem dirige melhor.

O modelo thinkseg também vai se associar aos corretores, que poderão comercializar os seguros da marca para seus clientes de uma forma mais prática. A empresa e o aplicativo ainda estão em fase de testes, mas logo será lançada oficialmente.

 

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