Estudo feito pelo Instituto de
Estudos de Saúde Suplementar (Iess) demonstra que o emprego na
cadeia produtiva da saúde suplementar (que financia planos de
saúde, rede de atendimento e fornecedores de materiais e
medicamentos, entre outros insumos) se mostra mais estável e
resiliente à crise econômica brasileira do que o conjunto da
economia do país.
No inédito “Relatório de Emprego na
Cadeia da Saúde Suplementar”, o Iess calculou, com base nos números
do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do
Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), um indicador do estoque de
pessoas empregadas no setor e o comparou ao conjunto da economia
brasileira, tendo como base o ano de 2009, e analisou a evolução do
estoque de pessoas empregadas até maio de 2016. O índice adota como
“base-100”, ou ponto de partida, o ano de 2009, e avalia o
crescimento do estoque de empregos até abril de 2016.
O resultado indica que a cadeia de
saúde suplementar manteve o ritmo de crescimento desde 2009,
atingindo, em abril de 2016, índice evoluiu para 132, enquanto o
conjunto da economia brasileira registrava, no mesmo mês, 112.
“O indicador mostra que, a partir
do segundo semestre de 2014, os demais setores da economia começam
a apresentar queda no saldo de empregos e, por outro lado, o saldo
da cadeia produtiva atrelada à saúde suplementar continuou
crescendo. Note que, no período de setembro de 2014 a abril de
2016, mais de 1,5 milhão de beneficiários saíram dos planos de
saúde e, mesmo assim, o setor continuou contratando”, analisa o
superintendente-executivo do Iess, Luiz Augusto Carneiro.
Segundo o relatório, o setor de
saúde suplementar emprega aproximadamente 3,3 milhões de pessoas no
Brasil, o que representa 7,6% da força de trabalho empregada no
país em maio de 2016. A maior parte desses postos de trabalho
(71,4%) é preenchida por prestadores de serviço. No total, são 2,3
milhões de médicos, enfermeiros e demais prestadores de serviço em
clínicas, hospitais, laboratórios e estabelecimentos de medicina
diagnóstica que atendem diretamente os beneficiários de planos de
saúde. Os fornecedores de materiais médicos, equipamentos e
medicamentos, ou seja, a indústria de materiais e medicamentos, é
responsável por empregar outros 802,5 mil profissionais. O que
equivale a 24,1% dos postos de trabalho gerados pela cadeia
produtiva de saúde suplementar. Por fim, as Operadoras de Planos de
Saúde (OPS) respondem por 4,4% dos empregos do setor, ou 147,8 mil
postos de trabalho.
Na opinião de Carneiro, a
resiliência da saúde suplementar decorre de diversos fatores, mesmo
em momentos de crise. O principal deles é o processo de aumento de
proporção de idosos no total da população brasileira. O
envelhecimento populacional gera mais demanda por serviços de
saúde. A complexidade da cadeia produtiva da saúde também demanda
investimentos de contratação e qualificação de mão de obra. “Mesmo
com a crise, o mercado de saúde tenta, ao máximo, não demitir
porque, quando a economia retomar o crescimento e houver o
reingresso de beneficiários, toda a cadeia terá de estar pronta
para atender. Não ter mão de obra qualificada significa
ineficiência, desperdício e problemas de atendimento”, explica.
Pelos mesmos motivos, a expectativa do Iess é a de que o ano feche
com o volume de empregos estabilizado.
Carneiro destaca também que quase
70% dos beneficiários são vinculados aos planos coletivos
empresariais, um benefício concedido pelas empresas a seus
colaboradores. Por isso, ele admite a hipótese de o temor do
desemprego ter aumentado a demanda por atendimentos na cadeia da
saúde suplementar. “É evidente que se o trabalhador sabe do risco
de perder o emprego e, por extensão, também o benefício do plano de
saúde, ele vai antecipar consultas e exames. E essa demanda atípica
também exige a mobilização de toda a estrutura do setor para
prestar atendimento, o que pode ter estimulado a continuidade das
contratações”, comenta.
De acordo com o Mapa Assistencial
da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), o número médio de
consultas por beneficiário foi de 5,4 em 2015. Resultado superior
ao de países como Reino Unido (5,0) e Noruega (4,2). Além disso, no
mesmo ano, a taxa de internação foi de 166 para cada grupo de 1.000
beneficiários. Já na OCDE a média é de 155.