Alterações na
regulamentação vão deixar produto mais atrativo para
consumidor
Rio – Com
pouco mais de um mês de vida, tendo sido publicado e homologado em
1º de abril, o seguro Auto Popular deve passar por mudanças para
ganhar o mercado. Esse tipo de produto tem como foco os donos de
veículos com mais de cinco anos de uso e veio com a promessa de
baratear o preço da apólice em 30%. Isso porque permite a
utilização de peças de reposição usadas. Também reduz a cobertura
de alguns itens, como vidros, lanternas, faróis, além de limitar o
uso de reboque, por exemplo.
Mas, segundo a Federação Nacional
de Seguros Gerais (FenSeg), entidade que representa o setor, pode
haver dificuldade em achar peças de reposição, o que pode ser
entrave para quem contratar o serviço. “Além das peças usadas, é
preciso autorizar o uso de peças novas que atendam as
especificações dos fabricantes de veículos”, avalia João Francisco
Borges da Costa, presidente da federação.
Segundo ele, não existe volume de
peças de segunda mão para atender às futuras demandas. Costa cobra
aperfeiçoamento das diretrizes da resolução.
O presidente da CNseg, Marcio Serôa
de Araújo Coriolano, faz coro com Costa. “A utilização de peças
usadas obtidas com empresas de desmontagem de veículos poderá não
ser suficiente para atender à demanda do mercado”, acredita.
De acordo com corretores, o Auto
Popular encontra outras barreiras para não deslanchar. Entre elas a
falta de um depósito para concentrar e catalogar as peças para
atender à demanda das seguradoras, conforme prevê a Lei do
Desmanche. “O mercado ainda não compreendeu que ele é um seguro
tradicional com a ausência de serviços e coberturas para baratear o
custo”, explica Marcelo Souza, da Flap Corretora de Seguros.
Segundo ele, o seguro chega em um
momento de baixa expectativa de negociações das apólices
tradicionais e as expectativas de comercialização são muito boas.
Já para Arley Boullosa, da Shelter Administradora e Corretora de
Seguros, a falta de um centro técnico que concentre as peças usadas
e catalogadas, conforme determina a lei do desmanche, dificulta o
trabalho das seguradoras. “É preciso que todas as seguradoras se
juntem para criar um centro técnico para catalogar as peças e isso
é difícil”, informa Boullosa.
Modalidade é alternativa
para quem tem carro com dez anos de uso
O seguro Auto Popular agora é uma
alternativa para quem tem carro usado, principalmente no caso de
veículos com mais de dez anos de uso, mas eles poderão ser
contratados por veículo de qualquer idade. No entanto, os modelos
mais antigos não costumam ser aceitos por seguradoras ou os valores
das apólices são elevados, inviabilizando a contratação. A
expectativa é que os preços de seguros fiquem mais acessíveis,
atraindo segurados que hoje assumem o risco.
A associação aconselha a ter
cuidado diante da permissão para utilização de peças usadas. “Há
obrigação do uso de peças originais recondicionadas. Elas devem ser
oriundas de empresas de desmontagem especializadas e
regulamentadas, conforme lei específica, para a recuperação de
veículos sinistrados com cobertura securitária”, diz Gisele
Rodrigues, técnica da Proteste e especialista em seguros.
“É essencial que o consumidor tenha
a garantia do bom estado da peça de segunda mão e da forma como a
mesma será colocada no veículo”, alerta a especialista.
Todos podem ter o seguro
mais em conta
Em vigor desde 1º de abril deste
ano, o Auto Popular não será restrito à parcela da frota nacional
de veículos que tem mais de cinco anos de uso. Qualquer segurado
dono de automóvel poderá optar pelo novo produto, desde que seja
avisado que os reparos serão feitos com peças usadas ou seminovas.
Apesar do foco ser os donos de veículos mais antigos, outros
motoristas poderão se beneficiar do preço mais em conta da
apólice.
O Brasil tem hoje 42 milhões de
veículos em circulação, entre carros, caminhões e ônibus. Desse
total, 37% têm até cinco anos de uso, 30% são veículos com idade
entre seis e dez anos e 15% são os que possuem entre 11 e 15 anos.
Os veículos com mais de 20 anos estão na casa dos 5% e são
justamente esses veículos que se encaixam no Auto Popular.
De acordo com o presidente da
FenSeg, João Francisco Borges da Costa, mercado e seguradoras veem
na modalidade uma alternativa que permitirá o acesso da parte da
população que não tem dinheiro para contratar seguro. Ele admite
que o desafio é significativo.
“Vislumbramos um mercado potencial
de cerca de 20 milhões de veículos, mais do que temos hoje em
volume que está segurado”, complementa o presidente da FenSeg.