A Central Nacional Unimed
obteve uma vitória na Justiça e ficou livre da obrigação de
socorrer os clientes da Unimed Paulistana se eles não conseguirem
ser atendidos em 24 horas, como havia sido determinado em 17 de
setembro por uma juíza de São Paulo.
Em nova decisão, a juíza
Maria Rita Rebello Pinho Dias, da 18ª Vara Cível de São Paulo,
previu que a Central só terá de assumir os casos de urgência e
emergência que não forem atendidos pela Paulistana.
Com isso, o cliente da
Paulistana que encontrar dificuldades em conseguir realizar um
exame ou consulta de rotina, por exemplo, não poderá mais recorrer
à Central para ser atendido. Maria Rita também determinou que a
Unimed do Brasil divida a responsabilidade de socorrer os clientes
da Paulistana com a Central.
Procurada, a Unimed do
Brasil - confederação das cooperativas do sistema Unimed - alega
não possuir rede credenciada nem médicos credenciados para fazer os
atendimentos. A Paulistana não comentou.
Socorro em meio a
crise
A obrigação de socorro aos clientes
da Paulistana foi um pedido do Instituto Brasileiro de Defesa do
Consumidor (Idec) como forma de contornar a crise no atendimento
causada pela determinação de que essa segunda operadora se
desfizesse de sua carteira de beneficiários, divulgada em 2 de
setembro pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Como
o iG mostrou, logo após a decisão da
agência, clientes da Paulistana, que já vinham enfrentando
dificuldades no atendimento em razão das dificuldades financeiras
da operadora, tiveram exames e consultas cancelados por
médicos e laboratórios credenciados - prática vedada pela
legislação.
A sentença da juíza Maria Rita,
entretanto, vinha tendo um impacto "gigantesco" sobre as contas da
Central Nacional Unimed, e colocava em risco o atendimento aos
clientes dessa operadora, diz o superintendente jurídico Jeber
Juabre Júnior. Em menos de um mês, a Central autorizou 6.583
procedimentos para 3.782 clientes da Paulistana.
"O impacto tem sido
extremamente grande. Há que se considerar que a gente tem de fazer
frente ao custeio sem ter tido a receita [das mensalidades, que
foram pagas à Paulistana]", afirma Juabre Júnior. "A
Paulistana gastava por mês R$ 209 milhões [com o atendimento à
carteira de 744 mil clientes]. O lucro líquido da Central em
2014 foi de R$ 42 milhões. Como eu faço frente a um custo mensal de
R$ 209 milhoes [sem receber mensalidades]?",
questiona.
O superintendente disse não saber
estimar qual será o impacto da nova decisão sobre o número de
procedimentos da Paulistana que a Central terá de assumir, nem
sobre os custos decorrentes desses atendimentos. O Idec informou
que vai avaliar se tenta reverter a decisão.
Portabilidade
Os clientes da Paulistana que
possuem planos individuais ou coletivos de até 30 vidas têm até o
fim do mês para migrar para outras operadoras do sistema Unimed sem
perder o prazo de carência - período mínimo de permanência em um
plano para poder utilizar os serviços oferecidos por ele.
Clientes da Região Metropolitana de
São Paulo - exceto Guarulhos, Mauá, ABC, Ribeirão Pires, Rio Grande
da Serra e Vargem Grande Paulista – poderão migrar para a Central,
a Unimed Seguros ou a Unimed Fesp, e têm à disposição pelo menos
quatro opções (veja tabela abaixo).
Segundo o superintendente jurídico
da Central, após queixas de que teriam de pagar mais por redes de
atendimento menor, a operadora incluiu outros seis hospitais nos
planos ofertados aos clientes da Paulistana. "Ele [o
cliente] tem uma rede menor mas mais eficaz. A rede que ele
tinha na Paulistana não o estava atendendo", argumenta Juabre
Júnior.
Os demais clientes devem
procurar a Unimed do Brasil, que os encaminhará às cooperativas
locais. Em todos os casos, um ano após a adesão, caso a ANS
autorize, as novas cooperativas podem reajustar os planos em até
20%.