A Comissão de Assuntos Sociais
(CAS) aprovou, nesta quarta-feira (8), projeto que proíbe a
caracterização, pelos planos de saúde, de doenças e malformações
congênitas como “doença preexistente” e torna obrigatórias a
fundamentação e a comunicação, por escrito, de qualquer negativa de
cobertura sob esta justificativa. A matéria tem decisão terminativa
na comissão.
De acordo com o autor, senador
Vicentinho Alves (PR-TO), as pessoas com malformações congênitas –
alterações de desenvolvimento de órgãos e tecidos presentes ao
nascimento por causa genética, ambiental ou mista – são
frequentemente discriminadas nos planos de saúde, sendo a alegação
mais comum a de preexistência de doença para a negativa de
tratamento. Os procedimentos não seriam autorizados porque as
doenças acometem os pacientes antes da adesão ao plano.
O texto do PLS 544/2013 recebeu
substitutivo do senador Waldemir Moka (PMDB-MS). Para o relator, é
até compreensível que as operadoras resistam a cobrir despesas com
doenças preexistentes, a fim de evitar a chamada “seleção adversa”
na contratação de planos de saúde, mesma lógica que lhes permite
instituir prazos de carência nos contratos. No entanto, incluir
malformações congênitas no conceito de doença preexistente para
fins de exclusão de cobertura securitária é inaceitável em sua
avaliação, afinal, “não há como o segurado aderir ao plano antes
mesmo de nascer”, salientou.
No substitutivo, o senador
modificou a redação para incluir entre os beneficiados os
portadores de afecções congênitas metabólicas sem repercussão
morfológica em órgãos e tecidos. Na opinião dele, somente a palavra
“malformação” poderia levar a ambiguidades na interpretação e
excluir os portadores de doenças congênitas como fibrose cística ou
anemia falciforme, por exemplo, que não têm deformidades físicas
visíveis. Ao contrário de espinha bífida, fenda palatina, síndrome
de Down, defeitos cardíacos e anomalias nos membros.
— É imperativo explicitar que
nenhuma doença congênita deve ser motivo de exclusão de cobertura
sob o argumento de se tratar de doença preexistente — justificou
Moka.
Ele também incorporou sugestão
aprovada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) para estender a
todos os procedimentos cobertos pela saúde suplementar a
obrigatoriedade de fundamentar e comunicar, por escrito, eventual
negativa de cobertura tanto ao consumidor ou beneficiário quanto ao
profissional responsável pela assistência e à instituição
solicitante.
Ao comemorar a aprovação da
matéria, o senador Eduardo Amorim (PSC-SE) afirmou ser “muito
cômodo” para os planos fazerem deliberadamente essa exclusão, e que
a matéria fará justiça.
O projeto modifica a Lei
9.656/1998, sobre os planos e seguros privados de assistência à
saúde, e, sendo aprovado, deve entrar em vigor 90 dias após sua
publicação.