Advogada pretende trocar do
plano convencional para o cooperativo para economizar
Os consumidores adeptos
dos planos de saúde no Pará sentem,
cada vez mais, os reajustes de
preços estabelecidos nacionalmente e temem que novas
altas impactem negativamente seu orçamento pessoal mensal. Isso
porque foi aprovado, no final de maio, o aumento de 15,5%
nas mensalidades dos planos, o maior percentual
da série histórica, iniciada no ano 2000.
A porcentagem pode chegar a 43,1%
para aqueles que passaram da faixa etária de 54 a 58 anos para a de
59 anos ou mais – válido para os clientes que completam 59 até
abril do ano que vem. São dez grupos etários, cuja transição dá
direito à operadora de subir o preço. Já para crianças e
adolescentes, o reajuste é de 15,5%. Para os outros sete grupos de
idade, as taxas variam entre 25,3% (34 a 38 anos) e 43,1% (59 anos
ou mais).
A advogada Ana Nóbrega,
de 48 anos, sempre teve plano de saúde e tem acompanhado as
notícias sobre reajustes. “Estou acompanhando porque o aumento que
vai ter agora é absurdo, inclusive vamos ter que trocar de plano
para reduzir gastos, porque a atual é muito cara. Vou para o
coparticipativo, para sair do plano normal, com o objetivo de
economizar mesmo, infelizmente. Não tem o que fazer”, adianta.
Uma alternativa, segundo ela, é
deixar de ter plano de saúde. Junto com a advogada, também são
clientes de planos de saúde seu marido e o filho. “Nunca deixei de
ter plano de saúde, mas agora cogitei. Pensei que, realmente, vai
subir absurdamente. Eu só não posso deixar de pagar o do meu filho,
mas o meu e do meu marido estamos cogitando mudar”.
Ana ainda citou o “descaso” da
administração pública com a saúde e acredita que, se existisse um
serviço de qualidade, não seria necessário pagar por fora. “A gente
sempre é bitributado e agora mais ainda”, critica.
Maior reajuste
Funcionário público, Luiz Carlos Cavalcante,
de 60 anos, faz parte do grupo que terá o maior reajuste de preços
no plano de saúde. Ele é cliente dessa modalidade desde 1984,
quando entrou no funcionalismo e, de lá para cá, já sentiu as altas
no bolso inúmeras vezes, conta. Além dele próprio, o trabalhador
paga o plano de mais duas pessoas: sua filha e a mãe dela.
“A nova alta ainda não foi
incorporada neste mês, então ainda não senti, mas, nos últimos
anos, sim, e impactou muito no salário, até porque está congelado
há mais de quatro anos e o plano não tem congelamento, continua
subindo”, relata.
Segundo o funcionário público,
conciliar o pagamento no orçamento mensal pesa muito, mas o que o
ajuda é manter a consciência de que aquele gasto é obrigatório e
não há como não pagar.
“Para mim virou uma obrigação, tem
que pagar independente do preço, não dá para ficar sem plano. A
minha filha é minha dependente está grávida. Pago à parte porque já
passou doa 24 anos, quando fica mais caro, mas vou continuar
pagando até ela ter um emprego com plano de saúde ou que consiga
pagar por fora”, afirma. Na opinião do pai, é mais vantajoso pagar
um valor mais alto pelo plano do que ter apenas atendimento
particular. “É mais seguro para eventualidades”, diz.
Anab
Uma pesquisa da Associação Nacional
das Administradoras de Benefícios (Anab) mostra que 47% dos
entrevistados tiveram que ajustar o orçamento em 2021 para não
perder o plano de saúde e 83% das pessoas têm medo de perder o
plano.