As insurtechs, empresas com soluções
inovadoras para o mercado de seguros, começam a ganhar força no
Brasil. Para entender o potencial deste mercado, a Câmara
Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net) anunciou, na
semana passada, que irá fazer um mapeamento do ecossistema no País.
“Vamos fazer uma radiografia desse segmento, levantando as
iniciativas com soluções de investimento, jornada do usuário,
produtos, segurança, análise de dados e tecnologias futuras, entre
outras categorias que compõem esse ecossistema”, comenta o
coordenador do Comitê de Insurtechs da camara-e.net, Gustavo
Zobaran. Segundo ele, o mapa prevê um acompanhamento constante
deste mercado, o que inclui a divulgação de dados a cada três
meses.
O uso de machine learning, Big Data,
Analytics e cloud, entre outras tecnologias, está transformando
este mercado. Estas tecnologias permitem que as empresas coletem
milhões de informações estruturadas e não estruturadas, analisem
todos estes dados e passem a criar soluções mais personalizadas na
oferta de um seguro para carro, casa ou tantos outros. Logo que
começaram a aparecer no mercado, estas startups focaram soluções
capazes de oferecer uma interface mais moderna, acessível e rápida
para as pessoas contratarem os serviços, como por meio de sites e
aplicativos.
Isso inclui, por exemplo, a
possibilidade de fazer fotos de documentos com a câmera do celular
em vez de preencher cadastros extensos. Agora, nesta nova onda, o
que se vê é um potencial importante de as insurtechs inovarem na
oferta. O sócio da PwC Luis Ruivo comenta o caso de empresas que
estão criando modalidades mais dinâmicas, e focadas na realidade
atual do mercado. Isso fica claro quando um usuário passa a
conseguir fazer o seguro de sua câmera fotográfica supermoderna e
cara por um tempo específico, como o tempo de uma viagem. Ele pode
ativar e desativar, pelo smartphone, exatamente para o período que
deseja. Ou o de uma pessoa que trabalha como motorista do Uber, e
pode acionar o seguro do seu carro apenas quando estiver usando ele
durante o trabalho. Mas é possível ir ainda mais longe, como criar
um canal de cotação e vendas pelo WhatsApp e automatizar processos,
colocando robôs para conversar com os potenciais clientes. Ou usar
Big Data para fazer uma análise mais apurada dos riscos. “Muitas
tecnologias, que antes estavam inacessíveis, agora são uma
realidade também para as pequenas empresas e os profissionais
liberais.
Isso ajudar a viabilizar uma
experiência mais inteligente para os clientes”, comenta Ruivo. Há
três anos, o termo insurtech praticamente não existia. Hoje, são
cerca de 800 empresas do segmento listadas no mundo. Os players
tradicionais de seguro estão atentos a este movimento. Segundo
dados do Global Insurtech Report 2017, da PwC, 45% das empresas
ouvidas mantêm parcerias com insurtechs. Em 2016, na primeira
edição do levantamento, eram apenas 28%. Executivos de companhias
de seguros estão atentos às oportunidades oferecidas pelas
insurtechs: para 52% dos entrevistados, a disrupção representa,
hoje, o principal foco da estratégia de crescimento.