Apesar da grande oportunidade
de vender seguro para clientes em risco, o mercado segurador
mundial ainda precisa aprimorar o produto
O ataque de hackers é o risco mais
temido por governos e empresas mundiais, segundo diversas pesquisas
divulgadas nos últimos meses. O medo de ter sistemas invadidos e
informações roubadas seguem como o grande risco até 2020. Só a
partir de 2025, as mudanças climáticas e as catástrofes passam a
liderar o ranking de preocupações dos gestores.
Apesar da grande oportunidade de
vender seguro para clientes em risco, o mercado segurador mundial
ainda precisa aprimorar o produto. Órgãos reguladores têm se
reunido com frequência com as seguradoras, principalmente
estabelecidas no Lloyd’s of London, para discutir qual o modelo
mais apropriado de seguro, aliando benefícios aos clientes sem
colocar em risco o patrimônio dos acionistas com pagamento de
indenizações elevadas.
De acordo com dados do Center for
Strategic and International Studies (CSIS), sediado em Washington
(EUA), mais de 3 mil empresas sofreram ataques cibernéticos em
2013, causando perdas globais acima de US$ 400 bilhões ao ano. Os
Estados Unidos são o maior mercado das seguradoras, que receberam
em 2013 (os dados de 2014 ainda não foram divulgados) cerca de US$
2,5 bilhões para assumir parte das perdas de seus clientes com
vazamento de dados. As estatísticas informais das maiores
corretoras do mundo, como Willis, Marsh e Aon, indicam que de cada
quatro empresas nos EUA, apenas uma tem esse seguro.
Até agora, pouco mais de uma dúzia
de seguradoras tem apetite para esse tipo de risco em todo o mundo.
No Brasil. atualmente apenas o XL Group vende o seguro cyber. A
AIG, pioneira no lançamento local, está com a venda do produto de
riscos cibernéticos suspensa para adequações exigidas pela
Superintendência de Seguros Privados (Susep). Temos visto
movimentação em algumas seguradoras e acreditamos que até o fim do
ano outras passem a vender o produto, afirma o presidente da
Comissão de Linhas Financeiras da FenSeg, Gustavo Galrão. Entre as
mais adiantadas na criação do seguro cyber estão Allianz, Zurich e
ACE.
O desafio do produto no mundo está
em reduzir a lista de exclusões e aumentar o valor da importância
segurada, estimada em US$ 50 milhões para pequenas e médias
empresas. No Brasil, segundo Marcelo Pollak, gerente de linhas
financeiras da corretora Willis, a procura tende a aumentar com a
divulgação do produto e com a entrada de novas seguradoras no
segmento. As empresas brasileiras têm uma barreira cultural para
comprar o seguro do dia para noite. Aos poucos, com um maior
conhecimento sobre os serviços ofertados na apólice, as empresas
percebem que o investimento agrega valor na cadeia de itens
envolvidos na segurança de dados.
Há dois tipos de seguros. Um deles
tem como alvo ofertar cobertura de responsabilidade civil às
empresas de tecnologia. O outro é o seguro de riscos cibernéticos
para todos os tipos de empresas, inclusive instituições financeiras
e governos, dois dos alvos mais visados pelas quadrilhas de
hackers. Silvia Gadelha, subscritora sênior de linhas financeiras
da XL no Brasil, afirma que o seguro de RC para empresas de TI é
algo já maduro no mercado brasileiro. Já o seguro chamado de cyber
risk ainda engatinha. Ela não informa quantas apólices a XL já
vendeu. Mas considerando-se as vendas realizadas pela AIG e também
pela XL, a aposta dos executivos a par do assunto é que não chegue
a 100 apólices.
Silvia está confiante de que as
vendas vão aumentar com a maior divulgação de que o produto traz
benefícios tanto na segurança dos dados como na indenização de
perdas, caso hackers consigam furar os bloqueios criados pela
equipe interna de TI.
No Brasil, o produto da XL oferece
cobertura de responsabilidade cibernética para funcionários e
terceirizados, incluindo indenizações para perdas financeiras e
danos morais, como estabelecido pelo marco civil da internet,
associados a queixas apresentadas por clientes, reguladores ou
representantes, incluindo o Ministério Público, como resultado de
uma violação de dados.