A ministra da Agricultura, Kátia
Abreu, garantiu ontem, em encontro com jornalistas em Brasília, que
o programa federal de subvenção ao SEGURO rural contará com os R$
300 milhões prometidos e não liberados pelo governo no ano passado.
A presidente Dilma anunciou que o programa contaria com um total de
R$ 700 milhões em 2014, mas foram efetivamente aplicados os R$ 400
milhões previstos no Orçamento.
Para cobrir agora a diferença, será
preciso contar com verba do Orçamento de 2015, que ainda não foi
aprovado pelo Congresso. A subvenção custeia, em geral, de 40% a
60% do valor das apólices de seguro rural privado contratadas pelos
produtores de diversas culturas. Segundo a ministra, o complemento
será garantido por meio de emenda em alguma Medida Provisória em
tramitação ou a ser encaminhada pelo Executivo ao Legislativo.
Também será preciso alterar a Lei
do seguro, segundo a qual subvenções ao seguro rural só podem ser
pagas no mesmo ano em que foram celebrados os contratos. Como o
Orçamento de 2014 não pode ser mais usado, é preciso permitir, na
peça orçamentária deste ano, uma utilização excepcional desses
recursos.
A liberação dos recursos prometidos
tem mobilizado os produtores do país que contrataram apólices de
seguro no ano passado. Conforme os contratos firmados com as
seguradoras, os agricultores serão responsáveis pelo pagamento do
valor total do prêmio caso o governo não pague a subvenção. Há
quase 70 mil produtores nessa situação, sobretudo de soja, milho,
maçã e uva.
Kátia Abreu afirmou que, para o
Plano Safra 205/16, já estão previstos mais R$ 700 milhões para o
programa de subvenção, e que o relator do projeto de Lei
Orçamentária 2015, senador Romero Jucá (PMDB-RR), prometeu mais R$
50 milhões de emendas parlamentares para essa finalidade. Seria,
portanto, um total de R$ 750 milhões que poderiam ser acessados a
partir de julho próximo.
No mesmo encontro de ontem, a
ministra também informou que já estão previstos três leilões da ANP
para contratação de energia elétrica gerada a partir da biomassa. O
primeiro deverá acontecer em 24 de abril. Em uma primeira rodada de
arremates, prevê que a energia terá de ser gerada a partir de 2016;
em uma segunda rodada, a partir de julho de 2017. Segundo a
ministra, todas as empresas já inscritas no processo de
concorrência têm capacidade para gerar 2.068 MW.
O segundo leilão foi agendado para
30 de abril, mas envolve uma geração de energia prevista apenas
para 2020. O último leilão, em 24 de julho, visa à contratação de
energia da mesma fonte em 2018. “Esses leilões foram uma ordem
expressa da presidente Dilma para fortalecer o setor de açúcar e
álcool, que esteve em crise nos últimos anos, e para não ficarmos
tão dependente da água para gerar energia em tempos de crise
hídrica”, disse Kátia Abreu.
A respeito dessa crise, a ministra
também confirmou que está sendo concluído um levantamento para
apontar os possíveis efeitos da falta de água em várias regiões
brasileiras sobre a produção de alimentos e, consequentemente,
sobre os preços. Conforme ela, o estudo será apresentado na próxima
quarta-feira na Casa Civil, em reunião do Comitê de Acompanhamento
da Crise Hídrica. Também participam do comitê os ministérios de
Minas e Energia, Planejamento, Integração Nacional, Defesa, Meio
Ambiente e Cidades.
“Podemos afirmar, com base em
resultados preliminares, que, nos dias de hoje, a situação não é
crítica. Talvez possa haver alguma falta de água mais séria no sul
de Minas e efeitos para a hortifruticultura em São Paulo”, disse a
ministra. O estudo está sendo feito em conjunto por Embrapa, Conab
e Inmet. Amanhã haverá um encontro entre técnicos desses órgãos, na
sede da Embrapa em Brasília, para os ajustes finais do
levantamento.
A ministra também reafirmou seu
compromisso de dobrar a classe média rural no país, encaminhar até
dia 24 à Presidência um novo regulamento sobre inspeção de produtos
de origem animal e negociar com a China a ampliação do número de
unidades brasileiras de carnes aptas a exportar para aquele
país.