A
retomada da indústria naval no Brasil estimulou o crescimento do
setor de seguros, com vendas de R$ 1 bilhão em 2013, quase 43% a
mais que em 2012. No ano passado, as seguradoras negociaram R$
740,7 milhões em prêmios para riscos em petróleo. Já o seguro
conhecido como casco, com proteção para perdas em navios, somou R$
334,4 milhões, mais 31%, de acordo com a Superintendência de
Seguros Privados (Susep).
O
ritmo de vendas para esse nicho segue acelerado em 2014, afirma
Carlos Eduardo Polizio, responsável por esse segmento na BB Mapfre
e coordenador da Comissão de Cascos Marítimos da Federação Nacional
de Seguros Gerais (FenSeg). Nos cinco primeiros meses, o volume de
seguros para petróleo e gás aumentou 46% comparado a igual período
de 2013, com prêmios de R$ 219 milhões.
Os
seguros navais, conhecidos como offshore e energy, correspondem a
15% do total do prêmio mundial. Segundo Maria Helena Carbone,
diretora de marine da Aon, em 2013 o mercado começou a mostrar uma
mudança com a volta das encomendas, que triplicaram em relação ao
ano anterior. No ranking internacional, a China tem 47% do mercado,
a Coreia do Sul 28%, o Japão 15%, a Europa 1% e os demais 7% estão
divididos pelo resto do mundo, incluindo o Brasil. Cerca de 55% das
encomendas dos estaleiros mundiais se destinam ao
offshore.
A
consolidação dos negócios na construção naval no Brasil colocou o
país em evidência. Entre os principais clientes das seguradoras
estão o Atlântico Sul (EAS), Keppel Fels Brasil e outros com grande
número de unidades de offshore com interesse bem menor na
construção de navios convencionais. “Alguns estaleiros se dedicam
apenas aos programas da Petrobras e Transpetro. Os pequenos, como
Promar, Detroit, Naviship e outros, estão também envolvidos com
embarcações de offshore”, diz Maria Helena.
As
maiores apólices do mercado são da Petrobras, que conta com taxas
competitivas e contrata seu programa por licitação. A Itaú lidera o
programa de seguros da estatal, tendo a Mapfre BB como
cosseguradora. Além das duas, Fairfax, BTG Pactual e Austral estão
entre as principais depois que RSA e Tokio Marine perderam o
apetite pelo segmento. Como na indústria de construção naval os
valores segurados alcançam milhões de dólares, o resseguro é
importante. Há um grupo de resseguradores locais no Brasil, mas,
devido ao valor e complexidade dos riscos, muitas vezes se compra
cobertura lá fora.
“Temos interesse na construção naval, mas dentro
de taxas compatíveis com o risco”, afirma Felipe Smith, diretor de
riscos corporativos das Tokio Marine. Mesmo com recentes sinistros,
a expectativa é de que as taxas continuem em baixa. “Há muita
capacidade produtiva, novos investidores livres das perdas do
passado, e com isso se observa a queda do preço”, diz Erika Schoch,
gerente de seguros marítimos para a América Latina da Swiss Re, que
também saiu do segmento no Brasil até que as taxas voltem a ser
compatíveis com os riscos assumidos.
“É um
mercado promissor para os poucos especialistas em seguros e
resseguros que atuam nesse segmento no mundo”, afirma Rodrigo
Protásio, CEO da JLT Holding, um dos principais consultores
mundiais de seguros e resseguros. Recentemente, o grupo negociou a
renovação do programa de seguros da Transpetro, a maior frota de
navios do Brasil, que tem como líder a seguradora BB
Mapfre.
Carlos Vinícius, diretor de marítimos da Willis,
afirma que há alguns anos a Petrobras é a companhia petrolífera que
tem o maior plano mundial de investimentos. No entanto, eles têm
sido constantes em exploração e embarcações de apoio.