Resultado de um projeto que começou a ser desenvolvido em 2010,
com a consultoria técnica do Centro de Trauma de Baltimore, nos
EUA, o Governo do Estado do Rio de Janeiro investiu R$ 6,2 milhões
no Centro de Trauma do Hospital Estadual Alberto Torres, em São
Gonçalo, a ser inaugurado nesta sexta-feira (14 de junho).
De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado, a unidade é uma
das mais avançadas de traumatologia do País e o primeiro núcleo de
referência no atendimento a pacientes politraumatizados no estado.
Além disso, vai contar com a mesma política de atendimento de
trauma que permitiu a redução de 50% no número de óbitos entre as
vítimas politraumatizadas.
Trauma
O trauma é uma doença que deve ser atendida por uma equipe
multidisciplinar. Antes, o paciente baleado, o enfartado e a vítima
de acidente de carro entravam no hospital pela mesma sala vermelha
da emergência, mas cada um exige um tipo de profissional –, explica
o secretário de Estado de Saúde, Sérgio Côrtes.
O Centro de Trauma contará com três salas de cirurgia, uma delas
inteligente, equipada com tecnologia alemã. Do próprio centro
cirúrgico, o médico poderá acompanhar a tomografia em tempo real,
sem precisar esperar que o exame seja revelado. Isso permite uma
tomada de decisões rápidas sobre procedimentos a serem adotados
durante a cirurgia. Outra vantagem é que o médico pode consultar e
ampliar a imagem ao longo do procedimento cirúrgico.Com mil metros
quadrados, a unidade terá ainda uma sala de tomografia exclusiva,
cinco leitos de recuperação pós-anestésica, 35 leitos de CTI,
quatro leitos de observação e heliponto para receber casos urgentes
de todo estado do Rio.
Treinamento internacional
Além do Centro de Trauma de Baltimore, na Universidade de
Maryland, considerada referência em todo o território
norte-americano para casos de politraumatismo e também para
atendimento ao presidente Barack Obama, os profissionais
brasileiros do novo serviço foram treinados também no Ryder Trauma
Center, da Universidade de Miami, e no Children’s Hospital,
dedicado à criança em Washington.
“Em geral, o atendimento no país segue uma lógica linear. Todos
esses procedimentos previstos pelo protocolo são muito importantes
porque o objetivo maior é reduzir as chances de sequelas e o tempo
de recuperação do paciente. Não existe no Brasil nenhuma unidade
replicadora desse modelo e por isso fomos buscar fora, em
institutos de excelência. Está provado que a unificação de
protocolos de atendimento gera melhor resposta do paciente ao
tratamento”, explica, em nota, o coordenador de Trauma e Núcleos
especializados da Secretaria de Saúde, Rogério Casemiro.
Como multiplicadora, a equipe médica preparada no exterior vem
utilizando as normas do protocolo internacional de atendimento para
capacitar os demais profissionais do Centro de Trauma. No total
serão 55 médicos, 26 enfermeiros e 102 técnicos de enfermagem.
Entre os médicos, haverá ortopedista, cirurgião geral e vascular,
anestesista, neurocirurgião, cirurgião pediátrico com formação em
trauma e cirurgião torácico.
Hora de ouro
Os estudos mostram as vítimas, se socorridas em até uma hora — a
chamada hora de ouro — após a ocorrência do trauma, têm correm
menos risco de morrer ou ter sequelas graves. Por isso, o método
internacional define que as ações devem ocorrer dentro de prazos
definidos.
Outro diferencial no atendimento se refere à presença do
anestesista antes mesmo do paciente entrar na sala cirúrgica. O
trabalho de toda a equipe médica terá as ações integradas por um
sistema novo: o conceito de time. Cada profissional, dentro de sua
atribuição, atuará de forma simultânea com os demais médicos, em
casos como acidentes de trânsito, atropelamentos, quedas e demais
lesões ocasionadas por traumas.
Números
Segundo dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde em
2012, a mortalidade por trauma corresponde a 10% de todas as causas
de morte no mundo. Todo ano 5,8 milhões de pessoas morrem por
trauma, 32% a mais que a soma das mortes por malária, Aids e
tuberculose. A maior parte das vítimas tem de 5 a 44 anos, ou seja,
crianças, jovens e adultos jovens. Os traumas respondem ainda pela
maioria de incapacitações permanentes.Segundo Casemiro, atualmente,
chegam em média dez casos deste tipo aos hospitais da rede estadual
de saúde a cada dia. A nova unidade, que vai atender somente casos
de alta complexidade, aumentará a capacidade de resposta para este
tipo de atendimento no estado.
A previsão é de que sejam atendidos em torno de dez casos por dia
somente no Centro de Trauma do Hospital Estadual Alberto Torres,
diz Casemiro.