Além do segmento de veículo,
seguros de vida e do agronegócio também estão sendo impactados pelo
alto nível de prêmios pagos
Entre as várias causas que
impactaram negativamente o resultado das seguradoras ao
longo de 2021 está o aumento da sinistralidade, que subiu
significativamente, na comparação com 2020.
Quando se fala em sinistralidade, a
ligação quase que automática é com o seguro de veículos. É ela que
é lembrada em primeiro lugar e, no ano passado, a ligação está
absolutamente correta, já que o sinistro de veículos representou um
dos principais impactos nos resultados não tão bons do setor.
O aumento do preço dos carros
novos, o aumento ainda mais expressivo dos veículos seminovos, a
falta de peças de reposição, o aumento do preço das peças, o
aumento dos custos de mão de obra e o aumento dos roubos e furtos
de veículos cobraram seu preço das seguradoras.
Mas as seguradoras não vivem apenas
de seguros de automóveis. Inclusive várias delas são companhias
especializadas em outros riscos, como seguros de vida e acidentes
pessoais, seguros para grandes riscos, seguros financeiros, de
responsabilidade civil, garantias etc.
Acontece que boa parte desses
seguros também sentiu o aumento da sinistralidade. As seguradoras
que trabalham com seguros para celulares experimentaram um aumento
muito forte dos roubos e furtos dos aparelhos segurados.
A mesma coisa aconteceu com
as seguradoras de vida, que, por uma razão completamente
diferente, também arcaram com forte aumento de seus sinistros. No
caso do seguro de vida, as seguradoras decidiram indenizar as
mortes por covid-19, apesar de ser um risco expressamente excluído
das apólices.
Por incrível que pareça, por conta
do isolamento social e das pessoas ficarem mais tempo em casa, a
pandemia teve como consequência o aumento dos sinistros de
incêndio. Houve um aumento expressivo dos acidentes com ferros de
passar roupa, fogões etc. e eles geraram um volume maior de
indenizações porque aconteceu um número maior de incêndios
residenciais, além do aumento dos curtos-circuitos.
Mas tem outra carteira que teve um
aumento explosivo na sinistralidade. O seguro
rural, ao longo de 2021 e no começo de 2022, devolveu
praticamente todo o prêmio auferido desde 2015. Quer dizer, o
dinheiro ganho naqueles anos e que foi responsável por várias
seguradoras entrarem na carteira, foi utilizado para pagar as
perdas acontecidas pelas quebras de safra, ao longo do ano passado
e no começo de 2022.
As notícias dão conta de que o
Brasil teve a maior safra de sua história, mas elas não falam dos
produtores que perderam praticamente tudo que plantaram em função
de secas e excesso de chuvas, no sul, no norte e no
centro-oeste.
O mais complicado é que o quadro
não deve mudar e tem uma nova agravante: o aumento do preço dos
insumos vai impactar o custo das lavouras e isso, com certeza, terá
reflexo também no resultado das seguradoras que operam na
carteira.
Entre secos e molhados, a única
certeza é que, de acordo com as previsões dos principais executivos
do setor, 2022 será um ano desafiador para a atividade
seguradora.