A COVID-19 mudou o mundo em questão
de semanas. Conforme os meses passam, o foco das seguradoras se
volta para o período pós-quarentena. Quando os governos iniciarem a
flexibilização das restrições, o setor terá que preparar as
companhias para a retomada das operações neste cenário de “novo
normal”. Isso engloba determinar os impactos provocados pela
pandemia nos médio e longo prazos e repensar as estratégias.
A resposta a estas questões exigirá
análises e dependerá da própria natureza das seguradoras.
A PwC identificou alguns pontos considerados prioritários
e que podem ajudar o setor de seguros a emergir da crise mais forte
do que antes, independentemente da linha de negócios oferecida aos
clientes.
A pandemia aumentou a urgência
destas ações como forma de manter a competitividade e a relevância
no mercado. “A COVID-19 antecipou o futuro. Os planos que estavam
previstos para daqui a cinco anos, foram antecipados para agora.
Todo o mercado teve que se adaptar e não foi diferente com as
seguradoras”, diz Carlos Matta (foto), sócio
da PwC Brasil e líder do setor de seguros.
São elas:
1) Realinhar a estrutura de custos
e focar na produtividade – Desde a crise global de 2008, a
maioria das seguradoras buscou reduzir custos, embora nem sempre
com resultados positivos. Com a crise da COVID-19, o foco deve ser
a eficiência e a produtividade. Para isso, é necessário pensar a
médio e longo prazo, certificando que eventuais economias de curto
prazo – como reduzir gastos ou interromper investimentos – não
prejudiquem a capacidade de se operar e grande escala no
futuro.
2) Impulsionar a transformação
digital de forma a criar uma seguradora altamente digital
– Embora a maior parte das seguradoras já tenha iniciado um
processo de transformação digital, as operações na indústria vêm
sendo ainda guiadas por um excesso de processos e pessoas, fluxo de
trabalhos manuais, tecnologia fragmentada e dificuldades em
aproveitar ao máximo as informações disponíveis (BIG Data). A
criação e implantação de uma agenda digital tornará a seguradora
mais ágil e adaptada aos novos tempos como foco relevante na
experiência dos clientes de forma superior – com vendas ativadas
digitalmente, envolvimento online real
time com o consumidor e mais agilidade e satisfação dos
segurados na resolução de sinistros.
3) Criar novos fluxos de
receita – Após a pandemia, é provável que o cenário seja de
competição por uma parcela maior em um mercado eventualmente
reduzido e altamente competitivo, bem como carteiras menores de
consumidores e empresas. Com isso, encontrar novas oportunidades de
gerar receita torna-se crucial para crescimento. Um caminho é
pensar em produtos e serviços que reflitam as necessidades que vêm
se desenhando hoje. Alguns exemplos: seguro baseado em uso, maior
proteção contra perda laboral, riscos financeiros, além de
segurança cibernética para exercer o trabalho remoto inevitável e
que será aplicado daqui para frente de forma relevante.
4) Preparar sua força de trabalho
para o novo mundo – A quarentena forçada pela COVID-19 obrigou
as empresas a reavaliarem seus processos e formas de trabalhar. Em
quaisquer dos cenários do “novo normal”, é necessário garantir que
os profissionais tenham as habilidades adequadas e vontade de
abraçar as mudanças do mundo digital. O isolamento demonstrou que
as empresas que já contavam com um processo de transformação
digital em desenvolvimento saíram em vantagem em meio à crise.
Assim, é necessário pensar não apenas num possível aprimoramento,
mas sim em um processo complexo e holístico
de upskilling digital, promovendo o
desenvolvimento de habilidades e competências voltadas para o
trabalho e o investimento em um ambiente de aprendizagem constante.
Esta iniciativa exige comprometimento significativo por parte de
todas as áreas envolvidas – a começar pelas lideranças das
companhias.
5) Reforçar a eficiência do capital
e da marca – Após as tensões imediatas de capital e liquidez
provocadas pela crise, será importante manter o foco na gestão do
impacto do gerenciamento de capital de longo prazo (com taxas de
juro mais baixas), custo de hedge mais elevados, maior volatilidade
e inadimplência do mercado e eventual aumento das taxas de
impostos.
“Com a perspectiva de uma recessão
global, a possível recuperação da economia se torna mais difícil e
as perspectivas de crescimento são menores. Com a pandemia, é
essencial atuar de forma rápida, correta e humanitária,
demonstrando agilidade, empatia e habilidade em resolver as
questões se colocando no lugar do outro, a fim de atrair novos
clientes e fidelizar os antigos. Nesse novo mundo, um serviço
lento, burocrático e impessoal não terá lugar”, conclui Carlos
Matta.