A Folha de
S.Paulo conta que quatro das 27 unidades da federação do
país — Amazonas, Ceará, Pará e Pernambuco — já registram uma
ocupação acima de 90% dos leitos de UTI (Unidade de Terapia
Intensiva) destinados ao tratamento da Covid-19.
A situação também preocupa no Rio
Grande do Sul, em São Paulo e no Amapá, onde a ocupação dos leitos
de UTI por pacientes com a doença está acima de 50%. O Rio de
Janeiro, que está com 74% do total dos leitos de terapia intensiva
ocupados, não informou o percentual relativo aos leitos destinados
especificamente ao novo coronavírus.
Com hospitais atingindo o limite ou
chegando nele, governos estaduais trabalham para abrir novos leitos
com ampliações, hospitais de campanha e com o remanejamento interno
dentro das próprias unidades de saúde.
Com 2.747 casos registrados do novo
coronavírus e 155 mortes, o Ceará já atingiu a ocupação de 100% dos
leitos de UTI da rede pública específicos para Covid-19.
Nesta sexta-feira (17), o estado
tinha 260 leitos de terapia intensiva ocupados por pacientes
infectados pelo novo coronavírus e outros 38 pacientes aguardando
por um leito de terapia intensiva.
O estado tem ampliado o número de
leitos emergenciais destinados à Covid-19 a partir da reorganização
de unidades hospitalares e da abertura de novos leitos.
O Ceará ainda prevê a implantação
de pelo menos 560 novos leitos de UTI nos próximos meses. Para
isso, aguarda a chegada de um lote de respiradores comprados de um
fornecedor da China.
No Amazonas, a ocupação dos leitos
para Covid-19 também chegou a 100%. O governador Wilson Lima (PSC)
disse nesta sexta (17), em entrevista à Rádio Tiradentes, que todos
os 118 leitos de UTI da rede pública estão ocupados.
Os hospitais estão superlotados em
Manaus, única cidade do estado com leitos de terapia intensiva. Um
vídeo gravado no hospital estadual João Lúcio, em Manaus, mostra
corredores e salas com corpos à espera de remoção ao lado de
pacientes e macas no chão.
Em Pernambuco, a ocupação média dos
256 leitos de UTI destinados aos pacientes com a Covid-19 chegou a
90%, com pico de 94,3%, nesta quinta-feira (16). O estado registrou
2.006 casos de pacientes infectados e 186 mortos.
O secretário da Saúde estadual,
André Longo, tem feito alertas reiterados sobre a possibilidade de
fila para garantir vagas em UTI.
No início da crise, o governador
Paulo Câmara (PSB) prometeu como meta a abertura de 400 leitos para
cuidados intensivos. Nesta quinta, o governo reabriu um hospital
privado que estava desativado desde 2018 com 20 novos leitos de UTI
e outros 20 de enfermaria.
Perto de chegar a 100% de ocupação
dos leitos públicos, o governo vai editar portaria para obrigar
hospitais privados a informar corretamente o número de vagas
disponíveis. Caso eles se neguem, a secretaria de Saúde poderá
acionar a polícia para a tarefa.
Em São Paulo, são cerca de 1.800
leitos de UTI na rede estadual para Covid-19. Mas o estado, se
necessário, teria capacidade de transformar outros 2.000 leitos
clínicos em UTI, segundo o secretário da Saúde José Henrique
Germann, da gestão João Doria (PSDB).
Até as 13h de sexta-feira, havia
1.039 pacientes com diagnóstico da doença internados em UTIs do
estado, quase 58% do total. Pela segunda vez na semana, a UTI do
Instituto Emílio Ribas, na região central, principal referência em
tratamento de Covid-19, chegou a 100% da capacidade.
O Pará tem 94% dos leitos da rede
estadual ocupados, segundo o governo Helder Barbalho (MDB).
No Rio, 74% dos 214 leitos de UTI
da rede estadual estão ocupados, o que inclui pacientes com outras
doenças. O índice era de 63% há 12 dias.
Já na rede municipal da capital,
80% dos 70 leitos de UTI e 97% dos 110 leitos de enfermaria
reservados para Covid-19 estavam sendo usados até quarta (15), mas
ainda há capacidade para ativar mais vagas conforme a demanda no
hospital de referência.
No Rio Grande do Sul, o governo de
Eduardo Leite (PSDB) informou na sexta-feira que 53,9% dos leitos
1.819 leitos para Covid-19 estão ocupados por pacientes com a
doença confirmada ou sob investigação. O número inclui leitos
públicos e privados.
Com 362 casos confirmados e dez
mortes, o Amapá tem 104 leitos de UTI, dos quais 13 exclusivos para
Covid-19. Na quinta (16), oito desses estavam ocupados (61,5%).
Outros 13 leitos já estão instalados e devem ser abertos em Macapá,
além de oito no interior.
Nos outros 17 estados que
responderam à reportagem, a ocupação dos leitos de UTI para
Covid-19 ainda está abaixo de um patamar abaixo de 40%. Mesmo
assim, o cenário preocupa os governadores, que atuam para ampliar a
oferta de leitos.
Com 1.064 casos registrados, a
Bahia possui 299 leitos de UTI específicos para Covid-19 e outros
52 leitos de terapia intensiva de retaguarda, que podem ser
acionados. Na sexta-feira, 38 pacientes do novo coronavírus estavam
em UTIs —o dado não inclui aqueles com suspeita da doença e que
ocupam leitos de terapia intensiva.
O governo do estado junto com
prefeituras trabalha para abrir 868 novos leitos de UTI com
hospitais de campanha, parcerias e ampliação das unidades públicas.
Para isso, também aguarda a chegada de respiradores da China.
O Maranhão, quarto estado do
Nordeste com mais casos do coronavírus, está com uma ocupação de
37,87% nos 132 leitos de UTI específicos para o tratamento da
doença.
O estado vai expandir o número de
leitos exclusivos para pacientes moderados e graves. Para isso, o
governo precisou montar uma espécie operação de guerra com custo de
R$ 6 milhões para importar 107 respiradores da China por meio de
uma rota pela África.
Em Minas Gerais, a média de
ocupação dos leitos de UTI no estado era de 45% nesta semana.
Segundo o governo, 73 pessoas estão internadas com confirmação ou
suspeita de Covid-19, o que corresponde a cerca de 4% dos
leitos.
O governo Romeu Zema (Novo) diz que
o estado precisaria de outros 2.000 leitos —540 já estão quase
prontos, enquanto os demais dependem de ajustes como recursos
humanos, ventiladores e respiradores. O estado ressalta que a
política de ampliação de leitos tem dado preferência à utilização
de vagas já disponíveis em hospitais.
No Distrito Federal, dos 90 leitos
de UTI reservados para o coronavírus, 28 estão ocupadas, o
equivalente a 31%. Por outro lado, todos os demais 410 leitos de
terapia intensiva da rede estadual estão atualmente ocupados,
dificultando a possibilidade de um remanejamento interno de
leitos.
Os estados de Goiás e Mato Grosso
não responderam os questionamentos da reportagem sobre o índice de
ocupação dos leitos para o novo coronavírus.