A farmacêutica GlaxoSmithKline (GSK) vai pedir uma primeira
aprovação científica europeia para uma vacina contra a malária. O
anúncio foi feito nesta terça-feira, depois de ensaios clínicos que
considera “encorajadores”.
A malária, transmitida por mosquito, mata anualmente 655 mil
pessoas, principalmente crianças africanas com menos de cinco
anos.
A vacina da GSK, baptizada como “RTS,S” – uma de várias que estão a
ser desenvolvidas – tem vido a ser trabalhada pela farmacêutica há
três décadas e é apresentada como a mais avançada. Está a ser
ensaiada numa parceria com a Malaria Vaccine Initiative (MVI –
apoiada pela Fundação Bill e Melinda Gates).
Os primeiros resultados dos ensaios avançados, a chamada fase 3,
feitos a mais de 15 mil crianças, apresentados nesta terça-feira,
por ocasião de uma reunião médica em Durban, na África do Sul, são
considerados encorajadores pela equipa do projecto.
Os dados obtidos divulgados referem uma eficácia de 46% – para um
período de 18 meses – no caso de crianças que tinham entre cinco e
17 meses à data da primeira vacinação e de 27% para os que tinham
entre seis e 12 semanas, disse à AFP o investigador principal do
ensaio, Lucas Otieno, do Kenya Medical Research Institute Walter
Read Project. “Os ensaios prosseguem e esperamos ter mais
informações sobre a protecção a longo prazo durante o ano de 2014”,
acrescentou.
A GSK pretende pedir em 2014 um parecer científico à agência
europeia do medicamento, EMA, para esta vacina especialmente
desenvolvida para crianças da África subsariana. Caso o parecer
seja positivo, a Organização Mundial de Saúde poderia recomendar
que fosse utilizada a partir de 2015, a custo reduzido, com uma
margem de lucro de 5% para o fabricante, segundo informação do
grupo farmacêutico.
Resultados da fase 2 de ensaios da “RTS,S”, divulgados em Março,
tinham sido relativamente decepcionantes: apontavam para uma
protecção de 43,6% no primeiro ano após a vacinação, mas a
percentagem caía quase até zero após quatro anos. Estes dados foram
obtidos a partir de testes a um número limitado de crianças numa
região do Quénia onde se registaram variações nas características
da epidemia da malária, explicou Lucas Otieno. No caso da fase 3, o
ensaio foi feito em 11 lugares de sete países com diferente
intensidade de transmissão de malária, acrescentou.
A malária, ou paludismo, é provocado por um parasita, o Plasmodium,
que provoca febre, dor de cabeça e vómitos. Se não for tratado
rapidamente pode levar à morte, por problemas de circulação. Em
muitas regiões do mundo, os parasitas tornaram-se resistentes a
muitos medicamentos criados para os combater.