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Taxa de depressão pós-parto é maior em hospital público

Fonte: Portal Uol Data: 08 outubro 2013 Nenhum comentário

"As mulheres com depressão, em geral, se achavam piores mães. Diziam que o bebê dava mais trabalho, que elas tinham mais dificuldades nos cuidados com a criança, eram mais impacientes e dedicavam menos tempo ao filho. Mas quando os vídeos foram analisados por avaliadores que desconheciam a condição psicológica materna, de acordo com a escala de disponibilidade emocional de Biringen, não foi percebida diferença entre as mães com e sem depressão. Isso significa que a sintomatologia depressiva não interferiu significativamente na qualidade da interação mãe-bebê aparente para um observador externo", contou Otta.

Essas análises foram realizadas durante o trabalho de pós-doutorado de Vera Regina Jardim Ribeiro Marcondes Fonseca. Os resultados foram divulgados em artigo publicado nos Cadernos de Saúde Pública.

Em outro estudo, realizado durante o mestrado de Renata de Felipe, sob orientação de Vera Silvia Bussab, também vinculado, observou-se que as mães com depressão pós-parto vocalizavam menos com seus bebês, principalmente quando tinham outros filhos.

De Felipe também relatou que o padrão de interação das mães sem depressão com seus filhos era mais consistente e aquelas que verbalizavam mais também sorriam mais e olhavam mais para seus bebês. Essa correlação entre verbalização, sorriso e olhar não foi observada entre as mães com depressão.

Desenvolvimento infantil

Durante as observações feitas aos quatro meses, os pesquisadores notaram que os filhos das mulheres com depressão pós-parto procuravam menos o olhar da mãe. No entanto, não houve nesse momento diferença no desenvolvimento neuropsicomotor entre os dois grupos.

Quando as crianças completaram 12 meses, foi aplicado o procedimento da Situação Estranha de Ainsworth, que busca avaliar o estilo de apego da criança à mãe e seu grau de segurança. A análise dos vídeos mostrou que os filhos de mães depressivas exploravam menos a sala, manipulavam menos os brinquedos e apresentavam mais movimentos repetitivos com as mãos, braços e cabeça quando interagiam com uma pessoa estranha na ausência temporária da mãe.

Essa análise foi realizada durante o trabalho de pós-doutorado de Carla Cristine Vicente, com apoio da Fapesp.

"Podemos dizer que as crianças apresentaram desenvolvimento típico, mas que algumas diferenças de ritmo foram identificadas. Os filhos de mães com depressão apresentaram um desempenho inferior em desenvolvimento motor fino [manipulação de objetos, movimentos delicados] e motor grosso [andar, subir escadas]. Curiosamente, essas crianças se saíram melhor na avaliação de linguagem do que os filhos de mãe sem depressão. Talvez por terem uma mãe menos responsiva, tivessem de aprender a se expressar mais verbalmente", contou Tania Lucci, que fez seu mestrado sobre o tema.

Durante o estudo, foram aplicados vários protocolos de pesquisa para avaliação de empatia e comportamentos sociais. Aos 24 meses, foi realizado o teste do Teddy Bear, que busca avaliar a reação das crianças diante de uma pessoa em dificuldades.

"Mais de 60% dos bebês tentou ajudar o experimentador quando este começou a chorar depois que o seu ursinho de pelúcia quebrou. Algumas chamaram a mãe e outras chegaram a dar seu próprio brinquedo na tentativa de consolar o pesquisador. Não foi identificada relação com a condição materna", contou Otta. Esta análise foi realizada durante o mestrado de Gabriela Sintra Rios.

Em tarefas de cooperação social, aos 36 meses de idade, os filhos de mães com depressão ignoraram mais o pedido materno para interromper a brincadeira e ajudaram menos a guardar os brinquedos em uma caixa. Além disso, ajudaram menos a pesquisadora em dificuldades.

"As crianças filhas de mães sem depressão negociam mais com as mães", comentou Vera Bussab, orientadora do doutorado de Laura Cristina Stobäus.

Avaliou-se também, aos três anos, a compreensão da direção do olhar e da intencionalidade, por meio de desenhos. Quanto maior o escore de depressão das mães, menor a adesão das crianças à tarefa proposta e menor o desempenho. A análise foi feita durante o doutorado de Alessandra Bonassoli Prado, sob orientação de Bussab.

Desenvolvimento adequado

No oitavo e último encontro, realizado 36 meses após o parto, 45 pais também participaram das entrevistas e gravaram vídeos de interação com as crianças. A análise dos resultados foi realizada durante o pós-doutorado de Julia Scarano de Mendonça e mostrou que parceiros de mães com depressão pós-parto apresentavam maior envolvimento com as crianças.

"Podemos imaginar que o pai esteja compensando a atenção que a mãe não está conseguindo dar", avaliou Bussab. Os dados foram divulgados em artigo publicado no periódico Family Science.

Os pais também responderam uma escala que avalia risco de depressão. Detectou-se uma associação entre a depressão materna e a paterna. Além disso, os pais com mais indicadores de depressão foram também os que se autoavaliavam mais envolvidos com a família.

"A associação entre esses dois resultados sugere que a depressão paterna induzida pela depressão materna funciona aumentando o envolvimento do pai com a família, o que corrobora uma hipótese da função adaptativa da depressão que consiste em angariar apoio social", disse Bussab.

Três anos após o parto, 65% das mulheres identificadas no quarto mês com depressão pós-parto ainda apresentavam sintomas depressivos. Para Morais, os resultados reforçam a importância de dar maior atenção às pessoas em situação de vulnerabilidade social e de criar políticas públicas de prevenção e intervenção precoce.

"Ficou claro que o problema é crônico. É uma questão que precisa ser abordada pelos profissionais de saúde na atenção básica, levando em conta aspectos emocionais integrados aos aspectos físicos", disse Morais.

Na opinião da pesquisadora do Instituto de Saúde, além de treinar médicos generalistas para que possam dar maior atenção à saúde mental de seus pacientes, seria recomendável que agentes comunitários acompanhassem de perto as mulheres que apresentam fatores de risco para depressão pós-parto e as estimulassem a participar de grupos de gestantes ou de pós-parto em suas comunidades.

"A pesquisa mostrou que as mães com depressão pós-parto lidam com os sintomas de tal forma que conseguem preservar o desenvolvimento adequado do filho. As crianças também têm mecanismos protetores, de resiliência. Ainda assim, encontramos alguns prejuízos no desenvolvimento. Acompanhamos até o terceiro ano de idade, mas existem problemas que podem aparecer mais tarde", afirmou.

O estudo longitudinal e multicêntrico contou com pesquisadores do IP-USP, da Faculdade de Medicina da USP, do Hospital Universitário da USP, do Centro de Saúde Escola do Butantã e do Instituto de Saúde de São Paulo.

Portal Multicalculo

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