Muitas pessoas internadas na UCI (Unidades de Cuidados
Intensivos) para tratar problemas como um ataque cardíaco sofrem
déficits mentais similares a danos cerebrais traumáticos,
anunciaram cientistas americanos nesta quarta-feira (2),
impulsionando as famílias a pressionar para que seus parentes
recebam uma sedação mínima.
O problema é "muito comum" e uma condição conhecida como delírio
afeta três quartos das pessoas tratadas em UCIs. O dano cerebral
subsequente dura pelo menos um ano em um a cada três pacientes,
destacou um estudo no periódico New England Journal of
Medicine.
Muitos destes pacientes vivem um "pesadelo particular", uma vez que
a comunidade médica desconhece amplamente o fenômeno, afirmou o
autor sênior Wes Ely, professor de Medicina da Universidade
Vanderbilt em Nashville, Tennessee.
"Que dilema nós temos na medicina, com tantas pessoas deixando os
nossos cuidados com uma forma de dano cerebral que era
essencialmente insuspeita para o profissional médico mediano",
disse Ely à AFP.
"Trabalhamos tanto para ajudá-los a sobreviver e nós pensamos que
quando deixavam de precisar dos aparelhos e saíam do choque nós
teríamos feito nosso trabalho e poderíamos mandá-los seguir com
suas vidas", afirmou.
"Estas pessoas podem ter sobrevivido, mas estão saindo com uma
série de problemas inteiramente novos", acrescentou.
Sua luta se relacionou à duração em que os pacientes sofrem
delírio, um estado de confusão mental que normalmente acomete
pessoas com doenças sérias.
Pesquisas anteriores já tinham mostrado que o delírio pode levar a
atrofia cerebral, ao inflamar e matar neurônios, embora mais
estudos sejam necessários para compreender porque e como
funciona.
Os cientistas também sabem que o delírio é mais provável de ocorrer
quando doses mais altas de drogas como sedativos e analgésicos são
dadas aos pacientes.
O estudo foi feito com 821 pacientes, dos quais 6% se acredita ter
algum tipo de prejuízo cognitivo quando entram no hospital.
Os pacientes, entre os 18 e os 99 anos e idade média de 61, deram
entrada aos cuidados intensivos após sofrerem ataques cardíacos
severos, insuficiência respiratória ou choque séptico.
O delírio se desenvolveu em 74% dos pacientes enquanto estavam no
hospital e normalmente teve quatro dias de duração.