O Ministério da Saúde está ampliando a faixa etária para a
vacinação contra o vírus do papiloma humano (HPV), usada na
prevenção de câncer de colo do útero. Em 2014, meninas dos 11 aos
13 anos receberão as duas primeiras doses necessárias à imunização,
a dose inicial e a segunda seis meses depois. A terceira dose
deverá ser aplicada cinco anos após a primeira.
Segundo o Ministério da Saúde, com a adoção do esquema estendido
será possível ampliar a oferta da vacina, a partir de 2015, para as
pré-adolescentes entre 9 e 11 anos de idade, sem custo adicional.
Assim, quatro faixas etárias serão beneficiadas, possibilitando
imunizar a população-alvo (9 a 13 anos). A modificação no esquema
vacinal foi anunciada nesta quarta-feira (18) pelo secretário de
Vigilância em Saúde, do Ministério da Saúde, Jarbas Barbosa,
durante cerimônia de 40 anos do Programa Nacional de Imunizações
(PNI), em Brasília.
“O esquema vacinal estendido adotado tem duas grandes vantagens. A
primeira é que possibilita alcançar a cobertura vacinal de forma
rápida com a administração das duas doses. Outro beneficio é que a
terceira dose, cinco anos depois, funciona como um reforço,
prolongando o efeito protetor contra a doença.” O Ministério da
Saúde está investindo R$ 360,7 milhões na aquisição de 12 milhões
de doses.
A inclusão do imunobiológico ao calendário do Sistema Único de
Saúde (SUS) foi anunciada em julho deste ano. Na época, a previsão
era de administrar a vacina em pré-adolescentes de 10 e 11 anos,
com dose inicial, a segunda um mês depois e terceira seis meses
após a inicial. Entretanto, o Ministério da Saúde decidiu adotar o
esquema estendido baseado em estudos recentes que comprovam a
eficácia desta medida.
Além disso, a estratégia segue recomendação da Organização Pan
Americana de Saúde (OPAS) e foi discutida com especialistas
brasileiros que integram o Comitê Técnico Assessor do Programa
Nacional de Imunizações (PNI). Vale ressaltar que o esquema já é
utilizado por países como Canadá, México, Colômbia, Chile e
Suíça.
É a primeira vez que a população terá acesso gratuito a uma vacina
que protege contra câncer. A meta é vacinar 80% do público-alvo,
que atualmente soma 5,2 milhões de pessoas. O vírus HPV é
responsável por 95% dos casos de câncer de colo do útero, que
apresenta a segunda maior taxa de mortalidade entre os cânceres que
atingem as mulheres, atrás apenas do de mama.
A vacina, que estará disponível a partir de março de 2014 (1ª
dose), é a quadrivalente, usada na prevenção contra quatro tipos de
HPV (6, 11, 16 e 18). Dois deles (16 e 18) respondem por 70% dos
casos de câncer. O imunobiológico para prevenção da doença é seguro
e tem eficácia comprovada para proteger mulheres que ainda não
iniciaram a vida sexual e, por isso, não tiveram nenhum contato com
o vírus.
As três doses serão aplicadas nas pré-adolescentes com autorização
dos pais ou responsáveis. A estratégia de imunização será mista,
ocorrendo tanto nas unidades de saúde quanto nas escolas públicas e
privadas. A incorporação da vacina complementa as demais ações
preventivas do câncer de colo do útero, como a realização rotineira
do exame preventivo (Papanicolau) e o uso de camisinha em todas as
relações sexuais.
A inclusão da vacina no SUS foi possível graças ao acordo de
parceria para o desenvolvimento produtivo (PDP), com transferência
de tecnologia entre o laboratório internacional Merck Sharp & Dohme
(MSD) e o Instituto Butantan, que passará a fabricar o produto no
Brasil. A economia estimada na compra da vacina durante o período
de transferência de tecnologia é de R$ 154 milhões. Além disso, a
produção do imunobiológico contará com investimento de R$ 300
milhões para a construção de uma fábrica de alta tecnologia pelo
Instituto Butantan, baseada em engenharia genética.
O vírus
O HPV é capaz de infectar a pele ou as mucosas e possui mais de 100
tipos. Do total, pelo menos 13 têm potencial para causar câncer.
Estimativa da Organização Mundial da Saúde aponta que 291 milhões
de mulheres no mundo são portadoras da doença. No Brasil, a cada
ano, 685 mil pessoas são infectadas por algum tipo do vírus.
Em relação ao câncer de colo do útero, estimativas indicam que 270
mil mulheres, no mundo, morrem devido à doença. No Brasil, 5.160
mulheres morreram, em 2011, em decorrência deste tipo de câncer.
Para 2013, o Instituto Nacional do Câncer estima o surgimento de
17.540 novos casos.
O Ministério da Saúde orienta que mulheres na faixa etária dos 25
aos 64 anos façam o exame preventivo, o Papanicolau, anualmente. Em
2012, foram realizados 11 milhões de exames no SUS, o que
representou investimento de R$ 72,6 milhões. Do total, 78% foram na
faixa etária prioritária. No ano passado, o investimento no
atendimento e expansão dos serviços para tratamento de câncer na
rede pública de saúde foi de R$ 2,4 bilhões, 26% maior que em
2010.