Falta de hidratação adequada e transpiração são os
vilões da saúde dos rins
A incidência de cálculo renal aumenta até 20% nessa época do
ano, segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), e o
motivo é simples. Com a temperatura em elevação, é normal
transpirarmos mais. A ingestão de água, no entanto, nem sempre se
eleva de forma a compensar essa perda.
“Ao perder líquido por outras vias, a urina fica concentrada. As
substâncias que normalmente são excretadas acabam retidas, formando
as pedras”, explica o nefrologista Daniel Rinaldi, presidente da
SBN.
Além disso, se houver maior hidratação por conta do calor, o
volume de água pode colaborar para a eliminação do cálculo,
aumentando ainda mais o número de casos nessa época. Alguns estudos
norte-americanos chegaram até a constatar a relação entre o
aquecimento global e o aumento na prevalência do cálculo renal.
Um dos principais fatores do aparecimento das chamadas pedras no
rim são as alterações metabólicas. Outras características, no
entanto, podem levar à essa condição como histórico familiar,
hábitos de vida, obesidade, resistência a insulina e alimentação
inadequada.
“A formação é multifatorial e a dieta tem uma grande influência.
Geralmente, 85% dos cálculos são de oxalato de cálcio, um mineral
presente no metabolismo. A concentração desses cristais forma
pedras. Quem tem maior ingestão de proteínas, carne, derivados do
leite, verduras escuras tem índices de oxalato maior, por exemplo”,
afirma Gustavo de Alarcon, urologista do Hospital São Luiz, em São
Paulo.
Quem tem pedras no rim nem sempre sabe que elas estão lá. A dor
, que começa como cólicas nas costas e pode irradiar para o abdome
e até a raiz da coxa, aparece se o cálculo tiver um tamanho médio
ou se estiver se movimentando dentro dos canais que ligam o rim à
bexiga. Os sintomas também podem incluir náusea, sudorese, vômito,
sangue na urina e sensação de bexiga cheia. Do contrário, a
condição pode ser um achado em exames de rotina, durante um
check-up, por exemplo.
Exames de imagem como a ultrassonoagrafia do rim e da bexiga são as
principais ferramentas para confirmar o diagnóstico. Os
especialistas alertam que o cálculo não deve ser negligenciado.
“Todo mundo conhece um amigo, ou um vizinho que já teve, então,
acabam dando pouca importância. Mas a condição deve ser acompanhada
com um especialista”, diz Alarcon.
Os tratamentos variam de acordo com o tamanho e a localização do
cálculo e também com as condições do paciente. Em casos mais
simples, a conduta é tentar levar à expulsão da pedra e minimizar
os possíveis efeitos colaterais com analgésicos, soro ou
antiespasmódicos (que inibem a contração de algumas musculaturas do
corpo). No entanto, uma parcela da população não consegue eliminar
o problema ou ainda tem doenças associadas como a diabetes ou a
hipertensão. Nesses casos, a cirurgia – hoje um procedimento
minimamente invasivo – é recomendada.
Chás caseiros?
Basta uma pequena pesquisa e é possível se deparar com uma
enorme quantidade de chás vendidos para o combate à pedra no
rim. O mais famoso deles é o “quebra-pedras”. Os médicos, no
entanto, afirmam que a ajuda dos chás no combate à litíase renal
está muito mais ligada a um maior aumento no consumo de líquidos do
que propriamente nos princípios ativos das plantas.
Aumentar a hidratação, principalmente no verão, é uma das
medidas mais eficazes de evitar a formação de cálculos.