Antibióticos são ineficazes para tratar pacientes com tosse
persistente causada por infecções pulmonares, segundo um estudo
publicado pela revista especializada Lancet.
O estudo, realizado com mais de 2 mil pacientes de 12 países
europeus, verificou que a duração e a gravidade dos sintomas nos
que foram tratados com antibióticos não foi diferente dos que foram
tratados com placebos. Mas especialistas advertem: em casos de
suspeita de pneumonia, os antibióticos devem ainda assim ser
usados, devido à gravidade da doença.
A pesquisa, realizada entre novembro de 2007 e abril de 2010 em
países como Bélgica, Grã-Bretanha, França e Alemanha, contou com a
participação de 2.061 pacientes que apresentavam uma tosse
persistente por mais de 28 dias, com suspeita de infecções
pulmonares, como bronquite .
Os participantes preencheram um ''diário da doença'' ao longo do
tratamento e classificaram a gravidade de seus sintomas, que
incluíam tosse, falta de ar, dores no peito e narizes entupidos ou
coriza.
Paul Little, da Universidade de Southampton, que comandou a
pesquisa, afirmou: "a receita do antibiótico amoxicilina no
tratamento de infecções respiratórias em pacientes em que não há
suspeitas de pneumonia não deve contribuir para a melhora do
paciente e pode até provocar danos''.
De acordo com o pesquisador, ''a prescrição médica excessiva de
antibióticos, especialmente quando eles são ineficazes, pode fazer
com que estes pacientes desenvolvam resistência e sofram efeitos
colaterais, como diarreia, alergias e vômitos''.
''Nossas conclusões mostram que as pessoas estão melhores quando
não tomam nada. Mas como um pequeno número de pacientes irá se
beneficiar dos efeitos dos antibióticos, nosso desafio permanece
sendo identificar esses indivíduos'', afirma.
Michael Moore, do Colégio Real de Clínicos Gerais da
Grã-Bretanha e co-autor do estudo, afirmou que ''é importante que
clínicos gerais tenham conhecimento claro sobre quando podem ou não
prescrever antibióticos para pacientes de modo a reduzir a aparição
de resistência bacteriana.