O setor de capitalização apresentará novidades em 2013. Estão em
fase de discussão na Superintendência de Seguros Privados (Susep)
novas normas regulatórias para a mudança do indexador dos títulos,
que hoje é a poupança. A medida, segundo o presidente da Federação
Nacional de Capitalização (Fenacap), Marco Antonio Barros, trará
mais flexibilidade na formatação dos planos e taxas.
Barros explica que a necessidade de mudança surgiu com o novo
cálculo da poupança. "Mostramos para a Susep novas possibilidades
para o setor. São normas regulatórias e a questão de novas regras
com a taxa da poupança. Ainda está em processo de discussão com o
regulador".
De acordo com informações da Susep, o montante de recursos
financeiros dos títulos de capitalização é, mensal e
obrigatoriamente, atualizado pela Taxa Referencial (TR), a mesma
taxa utilizada para atualizar as contas de caderneta de poupança.
Antes, a poupança era calculada pela variação da TR mais 0,5% ao
mês. No entanto, desde maio desse ano, quando a taxa básica de
juros (Selic) atingiu 8,50% ao ano, a poupança é corrigida por 70%
da Selic mais a TR.
As mudanças que podem vir no próximo ano serão benéficas para o
setor. "Há expectativa que possa ter mais flexibilidade na
formatação de planos e taxas", disse o presidente da Fenacap.
Até outubro deste ano, o segmento de capitalização faturou R$
13,626 bilhões, o que corresponde a uma alta de 18,76% contra o
mesmo período de 2011, quando somou R$ 11,474 bilhões. Os dados são
os mais recentes divulgados pela Susep.
Para o presidente da Fenacap, o ano de 2012 foi positivo e a
tendência é de fechamento, em dezembro, com expansão em torno de
20%. "Acreditamos chegar a 20% e entendemos que talvez dobre o
tamanho do mercado em quatro anos".
O crescimento sustentável, de acordo com Barros, ocorrerá pois
as empresas de capitalização têm mais conhecimento dos produtos e
clientes a serem atingidos. "Significa o entendimento do propósito
da capitalização e do público-alvo. Há ainda a classe C, que
encontra na capitalização a primeira oportunidade de poupar e
planejar", afirma Barros.
José Antônio Maia Piñero, gerente executivo de gestão de
negócios da Brasilcap, do grupo Banco do Brasil, também acredita na
evolução do faturamento nos próximos anos. "Esperamos crescimento
no próximo triênio (três anos) no mesmo patamar, de 18% a 20%",
disse Maia Piñero.
Até outubro, o faturamento da Brasilcap foi de R$ 3,130 bilhões,
alta de 18,5% contra outubro de 2011 e 24,2% de participação de
mercado (market share). No mesmo período, as reservas ficaram acima
de R$ 6 bilhões, crescimento de 28% contra o ano passado. "Bem
acima do mercado, que cresceu 13,9%", complementa o executivo.
Em prêmios distribuídos para os clientes, na forma de sorteios,
foram R$ 84 milhões. Ao todo, a companhia possui dois milhões de
clientes e quatro milhões de títulos de capitalização ativos.
Outro grande concorrente do mercado é a Bradesco Capitalização, que
faturou, até outubro, R$ 3,155 bilhões, acréscimo de 25,2% na
comparação com o mesmo mês de 2011, de acordo com dados da
Susep.
O presidente da Bradesco Capitalização, Norton Glabes Labes,
também aposta em um crescimento acima de 20% em 2012 e manutenção
para 2013.
A principal estratégia de comercialização da companhia está na
internet, revelou Labes. "De janeiro a setembro de 2012, foram
comercializados R$ 376,2 milhões em títulos de capitalização, valor
89,6% superior ao obtido no mesmo período de 2011". Questionado
sobre os benefícios, o presidente ressaltou que o título não é um
investimento. "Tornou-se uma alternativa para os consumidores que
desejam realizar economia de forma programada, pois o valor da
contratação é devolvido com correção monetária ao final da
vigência".
Desafios
Assim como as seguradoras, as empresas de capitalização observam
a redução do resultado financeiro com a queda da Selic, atualmente
em 7,25% ao ano, já que os recursos financeiros da reserva
aplicados em títulos de renda fixa tiveram a rentabilidade
reduzida. Em agosto de 2011, os títulos rendiam 12,50% a.a., valor
da Selic na época.
José Antônio Maia Piñero, da Brasilcap, diz que o mercado
financeiro passa por uma nova realidade: "O Brasil está evoluindo
para uma lógica de ganhar pouco em muito e não muito em pouco. O
segredo é a escala".
Para agregar maior volume de clientes, o executivo afirma que o
negócio está sendo repensado. "Temos o foco no cliente, com o
produto certo para vender mais, diluir custos e entrar em uma
espiral ascendente". Maia Piñero conclui que o ganho de eficiência
compensará a redução do resultado financeiro.