Cerca de mil pessoas cercaram o prédio do Instituto Nacional de
Traumatologia e Ortopedia (Into) na madrugada da segunda-feira
(03), numa imensa fila, no primeiro dia de marcação de consultas na
unidade para o primeiro de semestre de 2013. Apesar da longa
espera, somente 400 conseguiram senha assim que os portões foram
abertos.
Houve tumulto e a polícia foi chamada. A instituição distribuiu
mais 450 números e informou que, a partir da terça-feira, as
consultas serão agendadas somente por telefone. A nova sede foi
construída com o objetivo de triplicar as cirurgias e dobrar as
consultas. Inaugurada há um ano, ainda não conseguiu atingir as
metas.
Os pacientes começaram a chegar ao Into, na zona portuária, na
noite de domingo (02). Muitos precisavam de muletas para se apoiar;
outros levaram banquinhos para poder aguentar a espera.
Quando os portões se abriram, às 7h20, rapidamente esgotaram-se
as senhas destinadas para segunda-feira. As marcações são para as
especialidades ortopédicas - joelho, quadril e coluna são as mais
procuradas.
A merendeira Eneida de Souza Fernandes, de 48 anos, saiu de
casa, em Saquarema, na Região dos Lagos, às 4 horas. Quando chegou
à instituição, às 6h30, foi surpreendida pela longa fila.
"Sofro de artrose e estou há cinco anos afastada pelo INSS. Esse
joelho já foi operado duas vezes e agora preciso de uma prótese.
Vivo à base de anti-inflamatório e fisioterapia", afirmou.
Eneida esperou por dois anos por uma cirurgia de hérnia de
coluna no Into. Até que a situação se agravou e ela ficou impedida
de andar. Acabou fazendo a cirurgia em um médico particular. "Eu
tinha três hérnias. Teve uma hora que era tudo ou nada. Paguei R$ 8
mil e parcelei em muitas vezes."
Com dois anos de atraso, o novo Into foi inaugurado em novembro
de 2011. A promessa era de que as novas instalações permitiriam
aumentar o número de cirurgias ortopédicas de 6 mil para 19 mil ao
ano. A lista de espera seria reduzida de 36 para 12 meses. As
consultas ambulatoriais dobrariam de 14,5 para 25 mil ao ano.