Levantamento realizado no ambulatório de trombofilia do Hospital
de Transplantes do Estado de São Paulo (antigo Hospital
Brigadeiro), unidade da Secretaria de Estado da Saúde na capital
paulista, mostra que o uso de pílula anticoncepcional, associado ao
tabagismo, pode elevar expressivamente as chances das mulheres
desenvolverem trombose.
O estudo foi elaborado com base nos atendimentos ambulatoriais
de 2011. No total, 400 mulheres entre 20 e 45 anos com trombose
venosa foram acompanhadas, das quais 180 (45%) fumavam e também
usavam o método contraceptivo.
As pacientes que não faziam uso de nenhuma destas substâncias
corresponderam a 23 mulheres, ou 6%, aproximadamente. As demais 197
usuárias que desenvolveram o problema apresentavam, ainda, outros
fatores de risco, mas também já tiveram contato com o fumo e a
pílula anticoncepcional em algum momento.
A trombose venosa profunda ocorre quando há formação de um
coágulo sanguíneo em uma veia do interior de nosso corpo, dentro
dos músculos das pernas, por exemplo.
A médica hematologista Denise Zahr explica que é como se o
sangue formasse uma ‘rolha’ no vaso sanguíneo e não deixasse o
sangue circular.
Os hormônios dos anticoncepcionais, como o estrógeno e a
progesterona, alteram a circulação e aumentam os fatores de
coagulação do sangue. Por isso as chances de desenvolvimento de
coágulos nestas veias profundas são maiores.
De maneira geral, o problema pode estar associado a alterações
genéticas, mas é relacionado, principalmente, as dislipidemias
(hipertensão arterial e colesterol) e fatores de risco como a
obesidade, o sedentarismo e o tabagismo.
Zahr explica que este efeito colateral da pílula é informado na
bula do medicamento, mas nem sempre as mulheres são bem orientadas
pelos especialistas. A combinação do uso do anticoncepcional com o
cigarro, ou mesmo a um dos fatores de risco para trombose funciona
como uma bomba para o organismo. É extremamente importante que o
médico conheça bem a história de sua paciente antes de receitar
qualquer tipo de medicação, além de acompanhar de perto o
tratamento.
Somente especialistas podem indicar o melhor método de prevenção
para cada mulher, conforme sua idade, histórico familiar e condição
financeira. Além da pílula, existem outros contraceptivos como o
dispositivo intrauterino (DIU). O preservativo ainda impede o
contato com as doenças sexualmente transmissíveis.
A especialista indica realizar caminhadas e exercícios físicos
regularmente, consumir uma dieta equilibrada, evitar a
automedicação e abandonar o cigarro, pois são maneiras seguras de
evitar a trombose.