A Superintendência-Geral do Conselho
Administrativo de Defesa Econômica (Cade) instaurou, nesta
segunda-feira (27/8), processo administrativo para apurar práticas
anticompetitivas por parte da Unimed de Assis, do Hospital e
Maternidade de Assis e da Santa Casa de Misericórdia de Assis,
localizados em Assis (SP).
A apuração do caso teve início em
novembro de 2017, a partir de representação feita pela operadora de
planos de saúde São Francisco Sistemas de Saúde. A empresa alega
que, desde o início de 2017, está tentando estruturar uma rede de
prestadores de serviços para poder oferecer planos de saúde na
região.
Contudo, os dois hospitais
investigados negaram-se a fazer o credenciamento na operadora,
segundo a São Francisco Saúde. A recusa ocorreu, conforme a
companhia, por influência da Unimed Assis – plano de saúde
dominante no município, cujos cooperados possuem elevado poder de
influência sobre ambos os hospitais.
A Superintendência-Geral do Cade
verificou que a Unimed Assis possui quase 60% do mercado de planos
de saúde da região. Considerando todo o Sistema Unimed, essa
participação no município chega a quase 85%. Por essas razões,
tanto a Santa Casa quanto o Hospital e Maternidade Assis dependem
em grande parte do faturamento dessa operadora, avaliou o Cade.
Desse modo, a autarquia entendeu existirem indícios de que os
hospitais teriam cedido às pressões para não contratar com a São
Francisco Saúde.
Além disso, a São Francisco Saúde é um
plano de saúde que está iniciando as atividades na cidade,
ressaltou a Superintendência-Geral do Cade. Recentemente, a empresa
venceu uma concorrência com a própria Unimed por dois grandes
contratos de planos coletivos na região. Esses contratos
representariam uma perda para a Unimed Assis de aproximadamente um
terço de beneficiários.
De acordo com a entidade, há indícios
de que a suposta recusa em contratar por parte do Hospital e
Maternidade Assis e da Santa Casa seria capaz de prejudicar a
entrada da São Francisco Saúde no mercado da cidade. Isso porque um
plano de saúde precisa ter em sua rede credenciada hospitais com
leitos de UTI disponíveis. No município de Assis, apenas os dois
estabelecimentos seriam capazes de oferecer essas condições.
Conforme a Superintendência-Geral do Cade, a Unimed Assis e seu
presidente influenciaram a conduta praticada por ambos os
hospitais.
Com a abertura do processo
administrativo, a Unimed, o hospital e a Santa Casa de Assis serão
notificados para apresentar defesa. No fim da instrução processual,
a Superintendência-Geral opinará pela condenação ou arquivamento do
caso, encaminhando-o para julgamento pelo Tribunal do Cade,
responsável pela decisão final. Com informações da
Assessoria de Imprensa do Cade.