Uma das operadoras
de saúde novatas na bolsa, a cearense
Hapvida, divulga seus resultados para o segundo trimestre após o
fechamento do mercado desta segunda-feira, e deve reforçar a
dicotomia do setor. Os planos de saúde vivem período de intensos
desafios, com perda de clientes e de rentabilidade, mas um grupo de
empresas vai muito bem, obrigado.
O Brasil tinha 47,25 milhões de
pessoas com acesso a planos de saúde no fim de junho, cerca de
38.000 a menos que no mês anterior, segundo a Agência Nacional de
Saúde Suplementar. A Hapvida ganhou 17.000 novos clientes no mês,
mas relatório recente do banco BTG Pactual afirma que o ritmo de
crescimento pode ser um motivo de atenção.
Os números do trimestre devem mostrar
a capacidade da companhia de se manter crescendo e rentável mesmo
com a economia sem sinais de uma consitente melhora. A crise fez
com que as operadoras de saúde perdessem quase 3 milhões de
clientes nos últimos anos, um desafio que ganha especial relevância
se somado a uma inflação médica que se manteve perto dos 20% ao
ano.
Mas a Hapvida se mantém com números
saudáveis. O faturamento cresceu 23% no primeiro trimestre, para
1,1 bilhão de reais. A empresa tem uma das menores taxas de
sinistro (ou custos médicos) do setor, com 55%. Consegue isso com
uma rede verticalizada, com 25 hospitais, 74 centros clínicos e 83
laboratórios. Outras duas empresas que apostaram na verticalização,
a NotreDame Intermédica e a Prevent Senior, têm apresentado números
melhores que os do mercado mês após mês.
Manter os bons números vai ser cada
dia mais difícil. Empresas tradicionais do setor, como Amil e
Bradesco Saúde também têm investido na verticalização e na
prevenção, e devem acelerar a concorrência com novatas como a
Hapvida. E um tema importante, uma tentativa de ANS de aumentar
para 40% a coparticipação dos pacientes, ficou em suspenso após
veto da presidente do Supremo, Cármen Lúcia.
Após forte alta na estreia na bolsa,
em abril, as ações da Hapvida estão estáveis. Operar com saúde, no
Brasil, é um desafio diário.