Em uma conta aproximada, apenas um em
cada quatro brasileiros não precisa contar com a imprevisível saúde
pública. Estima-se que 155 milhões de pessoas não possuem planos
nem seguro-saúde e dependem do Sistema Único de Saúde, o SUS.
Pensando nessa massa de clientes em potencial, a Generali fechou
uma parceria com a prestadora de serviços de saúde Tem. “A ideia é
facilitar o acesso dos clientes a médicos e laboratórios com preços
mais competitivos do que os dos planos de saúde disponíveis no
mercado”, diz Antonio Cássio dos Santos, CEO da seguradora italiana
para as Américas e para a Europa do Sul.
O objetivo da Tem é otimizar os
recursos que estão à disposição dos pacientes, e não são
utilizados, de modo a reduzir os custos. Para isso, a empresa conta
com uma rede de mais de seis mil médicos e laboratórios
cadastrados. “Nosso sistema permite marcar consultas e exames em
brechas nas agendas de médicos e laboratórios e remunerar os
prestadores de serviços de forma competitiva”, diz Tuca Ramos,
fundador da Tem. Segundo Ramos, uma reclamação recorrente dos
médicos e laboratórios é a dificuldade em receber pelos serviços
prestados, pois é comum que as operadoras contestem consultas e
procedimentos e neguem os pagamentos, operação denominada
glosa.
Para evitar esses problemas, a saída
da Tem foi montar um sistema em que todos os pagamentos são
processados por um cartão pré-pago. O cliente credita uma quantia e
a usa para pagar a consulta, a um custo médio de R$ 80. O
atendimento é agendado pelo sistema da Tem, que é remunerada por
esse serviço. “Isso reduz a zero o risco de inadimplência e de
glosas”, diz Ramos. Desde sua fundação em 2015, a Tem investiu R$
15 milhões em tecnologia e na construção da rede conveniada. Já
foram emitidos 1,2 milhão de cartões pré-pagos, dos quais 300 mil
estão ativos. A meta de faturamento da companhia é de R$ 10 milhões
neste ano. “Somos uma espécie de Dr. Consulta no atacado, pois
estamos presentes em todo o Brasil, com 900 pontos de
atendimento.”
Para Rafael Passos, analista da Guide
Investimentos, a estratégia tem potencial. “No Brasil, o setor de
saúde é um oceano a ser navegado, mas a concorrência é muito
acirrada”, diz ele. O alvo da Tem são os clientes das classes de
menor renda, segmento em que atuam concorrentes como HapVida e
NotreDame Intermédica. A parceria com a Generali visa a
agregar mais serviços a esses cartões. “O cliente está coberto no
caso de consultas e exames mais básicos, mas não está protegido se
tiver uma doença grave ou se necessitar de uma internação”, explica
Cássio dos Santos. “Isso é uma oportunidade para
Generali oferecer um seguro, pois, nesses casos, o cliente receberá
uma indenização para ajudar a pagar o tratamento.” Esse tipo de
produto é comum na Europa. A meta da Generali é conquistar dez
milhões de clientes até 2022.