Autor de um projeto que susta a
resolução da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que
permite cobrar dos usuários até 40% do valor de cada procedimento
realizado pelo plano de saúde, o líder da Oposição no Senado,
Humberto Costa (PT-PE), cobrou explicações dos representantes da
entidade que estiveram na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), nessa
quarta-feira (11).
De acordo com o parlamentar, é um
absurdo uma agência, que deveria defender os direitos dos
consumidores, aumentar os preços das mensalidades dos planos de
saúde e também a cobrança de alguns tipos de tratamento – tudo isso
em meio a um grave crise econômica. A resolução da ANS, que passará
a valer daqui a 180 dias, reajusta em 10% o valor das mensalidades
dos planos de saúde individuais, índice muito acima da
inflação.
“Como se não bastasse asfixiar ainda
mais o orçamento familiar dos brasileiros, que se esforçam para
pagar um plano de saúde, o governo cortou recursos do Sistema Único
de Saúde (SUS), onde a demanda vai aumentar, seja pelo desemprego,
seja pelos planos mais caros”, disse.
Segundo as novas regras da ANS,
pacientes deverão pagar até 40% no caso de haver cobrança de
coparticipação em cima do valor de cada procedimento realizado com
planos de saúde.
Coparticipação é pagar, além da
mensalidade do plano de saúde, uma parte do preço da consulta, do
exame ou do procedimento. A franquia é um valor estabelecido em
contrato - neste caso, a operadora do plano de saúde não se
responsabiliza. Também é um valor a mais, fora da mensalidade.
Humberto afirmou que o
contingenciamento de verba do Ministério da Saúde é consequência
direta da promulgação da emenda que limitou o crescimento dos
recursos do SUS, conhecida no Congresso Nacional como a PEC do Fim
do Mundo. A proposta foi apoiada pelo Palácio do Planalto e seus
aliados no Legislativo. “As operadoras estão diminuindo as suas
carteiras, já que os beneficiários estão abrindo mão de seus planos
porque estão perdendo os seus empregos e a sua capacidade
financeira de pagamento. Todo esse impacto financeiro não pode ser
transferido ao cidadão brasileiro”, contou.
A audiência pública na CAS não contou
com a participação dos diretores titulares da ANS. Por esse motivo,
Humberto sugeriu que a comissão realizasse nova reunião com a
presença dos ausentes, “responsáveis diretos pelos abusos dos
reajustes”. “Os diretores não vieram. As operadoras de plano,
também não. Faremos outra audiência. Se for preciso, iremos
convocar o ministro da Saúde para explicar a situação. De que lado
estão a agência e o ministério? Dos consumidores ou dos planos?”,
questionou.
O projeto de decreto legislativo
apresentado pelo senador, na semana passada, para sustar os
reajustes previstos pela agência, está na pauta da Comissão de
Constituição e Justiça do Senado. Caso seja aprovado na Casa e na
Câmara, suspende imediatamente as medidas da resolução.