O projeto atual está com a Susep , que
gere previdências abertas a qualquer pessoa física ou jurídica
“Evangélicos são fiéis aos seus
comandos. Não possuem vícios que os obrigam a consumir supérfluos
como cigarros, bebidas e drogas. Esforçam-se para manter seus nomes
em situação confortável nos cadastrados financeiros.” Ah, sim: e já
são 30% do país, o que dá mais de 60 milhões de brasileiros. Não dá
para ignorar um mercado fiel com esse. O trocadilho é por conta da
casa –nesse caso, o Ibemp (Instituto Brasileiro Evangélico de
Memória Pastoral), criado por Lemim Lemos, 74, para gerir o
BemPrev, um fundo de pensão voltado a cristãos.
Pastor da Igreja Batista, ele anunciou
seu plano a outros líderes religiosos no Rio, na segunda (12):
“Nossa intenção é virar o maior fundo de previdência privada do
Brasil”. Ouve-se um “amém!” na sala.
Vice-presidente do Ibemp, o pastor
Flávio Lima, 72, diz que “a previsão no primeiro semestre é
alcançar 150 mil afiliados. A ideia é, em dois anos, termos mais de
um milhão”. Hoje são 13 milhões de brasileiros com alguma
previdência complementar, segundo a Federação Nacional de
Previdência Privada e Vida.
O BemPrev é um sonho antigo –e já
naufragou duas vezes. A primeira nos anos 1950 e a mais recente em
2013 –a postergação se deveu a “dificuldades de natureza técnica”,
segundo Lemos.
O projeto atual está com a Susep
(Superintendência de Seguros Privados), que gere previdências
abertas a qualquer pessoa física ou jurídica. Qualquer um mesmo,
frisa o pastor. Até a Igreja Católica está listada como potencial
cliente no Ibemp, entre gigantes evangélicos como Universal e Deus
É Amor.
Ele diz que o presidente de uma
associação espírita lhe sondou para saber se sua religião era
bem-vinda. Respondeu que sim. “Mas disse que [o cliente espírita]
receberia nossas matérias, que transmitem sempre uma convicção.”
Além disso, “um delta” das receitas será destinado a um fundo de
amparo a pastores idosos, afirma Lemos.
A contribuição mensal mínima será de
R$ 50, com “taxas de administração mais competitivas” do que as
cobradas no meio, diz Gabriel Escabin, da Globus Seguros. A
corretora comercializará os produtos previdenciários do Ibemp, que
serão geridos pela Mapfre e outras seguradoras.
O Ibemp cobrará do beneficiário ainda
R$ 25 por mês, por um “cartão de vantagens” que dará descontos numa
rede de lojas. Entre as parcerias já fechadas, estão farmácias e
uma ótica em Vitória (ES).