As fraudes, roubos e incidentes
cibernéticos estão em alta nas empresas de todo o mundo, com os
próprios colaboradores das companhias emergindo como a principal
fonte de risco, segundo a consultoria Kroll.
O relatório global elaborado todos os
anos pela consultoria descobriu que o tipo de fraude mais comum
segue sendo o roubo de ativos físicos das empresas, algo enfrentado
por 29% das organizações pesquisadas.
Em seguida vêm as fraudes realizadas
por provedores ou agentes comerciais e o roubo de informações, com
26% e 24%.
Entre os incidentes cibernéticos, os
mais comuns foram os ataques de vírus e worms, enfrentados por 33%
das empresas, seguido pelos ataques de phishing via email, sofridos
por 26% do total, segundo a Kroll.
Curiosamente, as empresas brasileiras
reportaram à consultoria números inferiores de exposição a fraudes
e incidentes cibernéticos no ano passado.
Enquanto 82% das empresas de todo o
mundo encontraram casos de fraude, no Brasil a porcentagem foi de
68%. Incidentes cibernéticos foram diagnosticados por 76% das
companhias brasileiras, contra 85% em todo o mundo. No caso dos
incidentes de segurança, a discrepância é ainda maior: 53% de casos
no Brasil, contra 68% a nível global.
Cabe perguntar, porém, se os índices
mais baixos de incidentes no Brasil se devem a um ambiente de
segurança mais favorável ou à ineficiência dos controles internos e
de compliance, sistemas de gestão de risco cibernético e práticas
de reporting das empresas nacionais. A Risco Seguro Brasil tende a
se inclinar pela segunda explicação.
Consequências
A Kroll ressaltou a importância de
detectar e combater as causas das fraudes nas empresas, uma vez que
podem ter efeitos negativos em termos de continuidade de negócio,
reputação empresarial, satisfação dos clientes e moral dos
empregados.
“Com fraudes e incidentes cibernéticos
e de segurança tornando-se o ‘novo normal’ para as empresas de todo
o mundo, está claro que as organizações necessitam contar com
processos sistêmicos para prevenir, detectar e reagir a esses
riscos, caso elas queiram evitar danos reputacionais e
financeiros”, afirmou Tommy Helsby, co-presidente da unidade de
Investigações e Disputas da Kroll, ao apresentar o relatório.
Na comparação com anos anteriores, a
Kroll observou um número crescente de casos de incidentes. Em 2015,
75% das empresas reportaram ter sofridos fraudes, mas no ano
passado este número chegou a 82%.
Os tipos de fraude que mais cresceram
no ano passado foram os conluios de mercado, observados por 17% das
empresas em 2016 contra 2% em 2015, e desvio de dinheiro da
empresa, que passou de 7% a 18% no período de um ano.
A pesquisa também reforçou a noção de
que o principal risco de fraudes e incidentes cibernéticos e de
segurança se encontra dentro das próprias empresas. De cada 10
companhias que registraram incidentes no ano passado, seis disseram
que eles foram causados por empregados, ex-empregados ou parceiros
comerciais. Os principais perpetradores foram os empregados de
baixo escalão, com 39% dos casos.
Brasil
No Brasil, os principais perpetradoras
das fraudes são os ex-empregados, responsabilizados por 43% dos
casos reportados, contra 27% a nível global.
Empregados temporários ou freelancers
vêm em seguida com 26% das referências, enquanto que os empregados
de baixo escalão foram identificados como culpados por fraudes por
22% das empresas que as sofreram.
Os ex-empregados também são os
principais responsáveis pelos incidentes cibernéticos e de
segurança nas empresas brasileiras, segundo a Kroll.
A Kroll observa que as empresas
brasileiras entrevistadas reportaram os mais baixos níveis de
fraudes em todo o mundo em 2016, ao lado da Índia e da Itália.
Segundo a pesquisa, 85% das companhias
nacionais pesquisadas investiram em medidas antifraude a nível
gerencial.
Mas há dados que também apontam a
possibilidade de que os casos de fraude na verdade não estão sendo
encontrados pelas empresas brasileiras.
Por exemplo, 44% dos pesquisados
afirmaram que casos de fraude foram descobertos por canais de
denúncia (whistleblowing), uma ferramenta de gestão de compliance
que ainda engatinha no Brasil.
Outros 39% afirmaram que foram
auditorias internas que descobriram as irregularidades. Mais uma
vez, há sérias dúvidas sobre a eficácia das estruturas de auditoria
no país.