Apenas 12% dos brasileiros que têm
algum tipo de seguro contrataram um seguro de vida e aqueles que
não têm o produto dizem não ver sentido em pagar por algo que não
vão usar, apontam pesquisas feitas pelo grupo segurador BB e Mafre
para tentar identificar por que essa proteção tem tão pouco apelo
entre a população.
O seguro de vida oferece proteção
financeira ao próprio cliente – no caso de invalidez ou doença
grave, como câncer, por exemplo – ou aos seus dependentes, se ele
morrer. Pode ser contratado por prazo determinado (um ano, por
exemplo, com renovação anual) ou ser vitalício.
O principal objetivo é dar suporte
financeiro a uma família em caso de falecimento ou incapacidade
temporária do provedor principal, dando um tempo para que os
dependentes consigam ter uma renda e reorganizar a vida. A
estimativa é que esse período “protegido” deve ser de, pelo menos,
dois anos.
Como raramente usufrui dos
benefícios do produto em vida, o cliente atribui ao seguro a
sensação de “dinheiro jogado fora”. Um dos levantamentos, por
exemplo, mostra que um dos motivos para não ter o produto é a ideia
de que parte do dinheiro será usado para sustentar um amante do
cônjuge.
Os entrevistados dizem também
recear que o dinheiro provoque a ganância de familiares e casos de
assassinatos na família ou ainda que traga mau agouro.
“As pessoas não gostam de falar
sobre morte. É uma barreira emocional, uma das dificuldades para
abordar os clientes na venda dos produtos”, diz Ângela de Assis,
diretora comercial e de operações da BB Seguridade. A preocupação
em driblar isso é ainda maior porque o produto oferece uma boa
margem de lucro, acima do seguro de veículos, por exemplo.
PARA QUEM?
Entre os brasileiros que têm seguro
de vida, mais da metade (58%) diz ter contratado o produto em
banco. Mas, apesar da insistência do gerente em efetuar a venda,
planejadores financeiros alertam que não é interessante para todo
mundo.
Assim como não faz nenhum sentido
contratar um seguro de carro se o cliente não tiver o próprio
automóvel, o seguro de vida é válido para quem tem dependentes que
sofrerão caso um dos membros da família não possa mais ajudar no
sustento da casa. “O seguro é feito para cobrir uma deficiência
patrimonial, para ajudar a família a sobreviver em caso de morte do
provedor principal”, reforça Michael Viriato, professor do Insper,
instituto de pesquisa e ensino.
Para jovens universitários sem
dependentes, por exemplo, o produto não faz nenhum sentido. Para
idosos, a barreira é o preço elevado. Nesses dois casos, a
recomendação é investir o dinheiro que seria destinado às
mensalidades do seguro em aplicações de renda fixa.
O custo médio do seguro vai
aumentando conforme o cliente vai envelhecendo, conforme mostra
levantamento da corretora de seguros MDS realizado com três
seguradoras.
Um homem sem doenças preexistentes
com capital segurado de R$ 100 mil, cobertura de invalidez total ou
parcial por acidente, invalidez funcional total e permanente por
doença e assistência funeral tem um custo médio de R$ 43,80 por
mês. Já um de 55 anos pagaria R$ 194,24. Aos 65 anos, o valor salta
para R$ 464,19.
Com base nessas pesquisas, a BB
Seguridade fará mudanças no portfólio neste mês para tentar
minimizar a sensação de que apenas outros membros da família serão
beneficiados. Entre elas, ampliar a cobertura de doenças graves,
incluir diárias por internação hospitalar e aumentar a idade de
entrada no produto – de 65 para 70 anos.
Autor: Danielle Brant
– Referência: Folha de São Paulo