Durante o 4º Workshop de
Capitalização, realizado pela Fenacap, a advogada e professora
Angélica Carlini disse que o consumidor brasileiro está
empoderado. Desde que foi criado o Sistema de Defesa e Proteção ao
Consumidor, todos os dados de reclamações de empresas são
consolidadas a partir de reclamações de Procon’s de estados e
municípios. “Todo o Brasil hoje consegue se comunicar”, disse
Carlini.
Angélica disse que a Susep tem uma
postura diferenciada no setor porque ela atende aos consumidores e
é o órgão que fiscaliza a atividade econômica. O que é um
retrabalho, em sua opinião.
É necessário que o consumidor
entenda que, do dinheiro que ele investe, uma parte é destinada
para formar o montante que será devolvido no resgate; outra parte
vai para o custeio dos prêmios pagos aos contemplados; e uma
terceira parte é destinada para cobrir as despesas administrativas.
Capitalização não é poupança nem investimento, não é loteria, não é
contrato de seguro. “Procurar na capitalização elementos vantajosos
a partir da comparação com os outros serviços acima referidos é um
exercício inócuo”, ensinou.
Capitalização é um serviço para
acumulação de capital que será resgatado num período de tempo.
Durante este período o dinheiro será atualizado. A advogada
ressaltou que no Brasil há um certo “nojinho de falar sobre os
deveres dos consumidores”. Todos os contratos impõem direitos e
deveres. O primeiro é de pagar, o segundo é cumprir as regras.
“Isso eu digo à exaustão aos seguradores que o dever de informar é
do vendedor”, ressalta Angélica.
A professora de marketing e
negócios internacionais do Instituto COPPEAD de Administração da
UFRJ, Heloisa Maria Barbosa Leite, disse que o seu relacionamento
com o mercado de capitalização começou há 70 anos, na casa de seus
pais no interior do Rio de Janeiro.
A pergunta é: como se explica que
há tantos e tantos anos já existiam indivíduos dispostos a adquirir
planos de capitalização? “É da natureza humana!”, responde Heloisa,
acrescentando que as pessoas precisam sonhar, mesmo que não se
lembre do que se sonhou, e que os sonhos de consumo existem e o ser
humano quer sempre realizá-lo.
O que motiva os indivíduos e
empresas a comprar estes títulos? “Temos que analisar a palavra
racionalidade, porque ela é relativa. O que prejudicou muito a
educação financeira foi o incentivo ao consumo. Ninguém fala
institucionalmente da poupança”, argumentou a pesquisadora.
Ela sugeriu que façam propaganda
com pessoas que ganharam nos sorteios. “Não é difícil encontrá-los,
eles só estão espalhados pela imensidão do País”, completou.
Busca da
felicidade
O capitalismo só é uma festa
completa para a classe AAA. Este grupo é pequeno no mundo todo. “O
capitalismo deve ser visto pelo ângulo da maior parte da população.
Para esta classe, o capitalismo tem de bom a diversidade. Por que a
telefonia móvel é tão problemática? E a área de aviação civil?
Nossa fraqueza é a diversidade”, lamentou Marco Barros, presidente
da Fenacap. Neste sentido, a capitalização é mais uma forma de
acumulação, que contempla uma camada da população que quer ser
feliz, de forma concreta, a partir de pequenos valores. Assim, a
capitalização traz a tona o lado social do seguro. As empresas
pensam em lucro, mas nem todo lucro destrói o consumidor.
Marco Barros disse que o setor
cresceu quase 2% neste ano e deve cumprir a meta de crescimento
nominal de 4% para este ano. “Esperemos que o processo
inflacionário não perdure por muito tempo. Do ponto de vista local,
não observamos mudança brusca de comportamento do setor. Não
acreditamos que haverá grandes oscilações. A discussão é quanto
isso vai perdurar e afetar diretamente o mercado de capitalização”,
destacou o executivo.
A questão da comunicação é uma
batalha permanente. “A gente vem ao longo do tempo fazendo pequenas
incursões através das mídias sociais , colocamos campanha no ar que
faz parte de estratégia de longo prazo que busca comunicar quais
são os atributos, porque e a quem. Motivar é fundamental e ajudar
as pessoas a definirem suas escolhas: jornais, páginas de WEB,
comunicação institucional. Temos que colocar a capitalização como
alternativa de negócios para todas as empresas. Trabalhar a
educação financeira em ambiente mais plural. Para continuar
crescendo, é preciso que todos os elos sejam fortes. As empresas
devem se preocupar na formação de seus colaboradores, porque ele é
agente de transmissão do valor daquele mercado”, concluiu o
executivo.