Manter uma carteira de clientes
100% pós-pagos e com um gasto mensal médio de R$ 100 ê uma
conquista invejável para uma operadora de telefonia, setor em que
quase 78% dos usuários são do segmento pré-pago. Mas a direção da
Porto Seguro Conecta afirma que alcançou esses indicadores. Tratase
da única empresa que conseguiu, até agora, ativar uma operadora
móvel de rede virtual (MVNO) no país com uma base de clientes
relevante: 350 mil linhas de comunicação entre máquinas (M2M) e 30
mil linhas de voz e internet pela rede 3G.
Todos os usuários da Conecta são
clientes do seguro automóvel da controladora Porto Seguro. É uma
estratégia adotada pelas empresas para fidelizar esse grupo. Como
diferenciais em relação às grandes operadoras, donas de
infraestrutura, a Conecta oferece bônus e descontos aos clientes do
seguro auto. Sempre que o cliente da Conecta paga uma fatura do
celular, 10% do valor fica reservado. Ao renovar o seguro do
veículo, o resultado acumulado nessa reserva gera um desconto no
seguro. Se o cliente tiver cartão de crédito da Porto Seguro,
acumula pontos em dobro. Juntando esses bônus, há casos em que o
seguro do automóvel acaba saindo grátis para o cliente, afirma
Tiago Galli, superintendente da Conecta.
No serviço móvel, um plano básico
custa R$ 139,90, com voz, SMS ilimitado e 1 gigabyte de internet em
3G. Além disso, se o celular quebrar, a Conecta oferece outro do
mesmo modelo por 30 dias.
A Conecta usa a rede da TIM para
oferecer seus serviços. Lançou o piloto comercial em Santos e
Campinas, em 2013, no Rio de Janeiro e na Grande São Paulo há quase
um ano. Na sexta-feira começou a atender consumidores no Vale do
Paraíba, interior paulista.
A infraestrutura do núcleo da rede
é da Conecta – por exemplo, cobrança, emissão de fatura, elementos
necessários para fazer as chamadas ou navegar na internet e
atendimento ao cliente. Os sistemas e equipamentos são instalados
no centro de dados da Conecta e se comunicam com os centros da UM
por meio de software.
O modelo de operadoras virtuais foi
uma aposta da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mas
que, de modo geral, não deu certo até agora. A Anatel divulgou o
serviço em mercados internacionais e sua expectativa original era
receber cem licenças em 2012. Até agora, as únicas autorizadas são,
além da Porto Seguro, a Datora, Sisteer, Terapar e Virgin
Mobile.
A Datora tem acordo com a Vodafone
para representá-la no Brasil com M2M. Em janeiro, contava com 3 mil
linhas, segundo o portal Teleco. Já a Terapar atendia a 3,5 mil,
usando a rede da Algar. A Sisteer assinou acordo com a Telefônica
para uso de sua rede, mas ainda está estruturando a operação.
Segundo a Anatel, os planos
iniciais de operação de MVNO foram alterados, devido à mudança de
direcionamento dada pelo governo italiano à Poste Italiane-parceiro
dos Correios na implantação do serviço no Brasil. “Os Correios
continuam com a intenção de operar o serviço, desta vez, no modelo
credenciado”, afirmou a Anatel em nota. Nos próximos dias, deverá
ser realizada tuna audiência pública para apresentação do projeto
às operadoras de telefonia móveL
“O modelo deu certo para a Conecta
porque temos proposta de valor centrada no que a Porto Seguro faz
de melhor, que é o relacionamento com o cliente”, diz Galli, já se
preparando para lançar 4G no segundo semestre, mas sem revelar
receita e investimentos.
Para o presidente da TIM, Rodrigo
Abreu, se a MVNO não tiver um conceito forte de atender a uma
comunidade de usuários de modo complementar e diferenciado, perde o
sentido. Sem isso, diz Abreu, será difícil ter outras experiências
que cresçam muito, como a Conecta.