Lúcio
Flavio Condurú de Oliveira, presidente da Bradesco Vida e
Previdência e vice-presidente da FenaPrevi (Federação Nacional de
Previdência Privada e Vida), fala sobre o aumento da longevidade
dos brasileiros e o crescimento da consciência de que garantir
renda com os produtos de vida e previdência é imprescindível.
Confira!
Com o aumento da longevidade e do
trabalho informal, menos contribuintes e mais beneficiários para a
previdência social, esse modelo de aposentadoria está chegando ao
fim?
Lúcio Flavio Condurú de Oliveira
– A previdência social sempre vai existir e é imperativo
que seja assim exatamente em função do modelo em que ela foi criada
na década de 40, que contempla a existência de um regime de
repartição. Esse regime podemos resumir dizendo que quem tem alguma
coisa ou muito paga para que aqueles que pouco ou nada têm possam
contar com um benefício mínimo, e aí entra não somente a
aposentadoria como todos os beneficios sociais que a previdência
traz. As dificuldades de fechar a conta da previdência social é um
fenômeno mundial, temos uma tendência de achar que o que acontece
de ruim é somente em nosso país. O regime de repartição está sendo
revisto no mundo todo, para que a conta possa fechar. Um dos
fatores é o aumento da longevidade.
O aumento da longevidade trará qual
impacto ao mercado de previdência?
Lúcio Flavio – Se analisarmos da
década de 40 até hoje verificamos que o aumento da expectativa de
vida é muito expressivo, principalmente por avanços na medicina. A
cada cinco anos o brasileiro ganha um ano ou um ano e meio a mais
de vida – isso é maravilhoso! Já nasceu o brasileiro do qual
toda sua geraçao irá viver mais de 100 anos. Mas como vivemos um
regime de repartição, haverá cada vez mais pessoas gozando do
benefício. Então ou se diminui o valor do benefício, ou se retarda
a data para receber, ou se cobra mais mais imposto para receber o
benefício. No nosso Brasil que ja tem tantos impostos é dificil. Em
outros países, como na Euroupa, onde há muitos beneficios sociais e
pessoas lutando por melhorias é diferente. Existe uma idade para se
aposentar. Já foi 60, agora é 65 anos, alguns países adotaram essa
nova data. Mas no nosso país pensar nisso é complicado, o fator
previdenciário diminui o valor da aposentadoria em até 30%. É um
fenômeno mundial, o fator previdenciário já remediou um pouco a
situação, porque para as pessoas receberem o regime completo elas
terão que trabalhar mais e ficar mais tempo
contribuindo.
Fale sobre a importância da previdência
privada para suporte a essa situação. Por que as
pessoas não têm essa consciência?
Lúcio Flavio – Previdência é uma
poupança. Não é o produto poupança, mas é uma poupança
previdenciária. Poupança é renda menos o consumo. Precisamos de
poupança para poder investir, temos que abrir mão do consumo para
investir no regime previdenciário que tem objetivos como a
aposentadoria (o maior dele), educar filhos, montar negócio
próprio, se proteger em caso de doença. Os novos modelos preveem
aposentadoria, mas também o regaste em uma necessidade,
principalmente nos produtos PGBL e VGBL. O aumento da longevidade
traz impacto muito positivo para nosso mercado, pois se as pessoas
estão vivendo mais e os beneficios da previdência social não
atendem suas necessidades de sobrevivência, elas têm que fazer a
previdência privada. Falta muito para todos terem essa consciência,
mas ela vem crescendo, podemos constatar até mesmo pelo aumento das
aquisições de produtos de previdência. Estamos ainda atrasados em
relação a outros países porque a estabilidade econômica é muito
recente, tem pessoas que viveram outras épocas, onde todas estavam
mais preocupadas em se proteger da inflação do que se proteger do
futuro. A estabilidade da moeda, o controle da inflação, o aumento
do emprego e da renda são fatores que impulsionam esse mercado. Aos
poucos as pessoas vão conseguindo atender suas necessidades e
começam a se preocupar com o futuro. Estamos saindo de um estado
paternalista, quando antes se esperava que o estado mantivesse o
padrão de vida das pessoas, agora você precisa de previdência para
complementar sua aposentadoria.
Antigamente o estado conseguia garantir o
padrão de vida?
Lúcio Flavio – Antes tinham mais
pessoas pagando do que usando, era superávitario. Chegou-se a
prometer pagar 20 salários mínimos, depois 10, e hoje o teto nao
chega a R$ 4 mil. Estamos num processo importante de criar cultura
para produtos de longo prazo, o que em nosso país ainda é uma coisa
que está sendo construída, pois brasileiro é imediatista, começa a
pensar na aposentaria aos 40 anos. Divulgar a necessidade do
mercado de previdência privada é um dever de casa importante, das
seguradoras, corretores de seguros, órgãos reguladores e
imprensa.
E o seguro de vida? Por que o seguro de
vida pode ajudar na preservação de patrimônio?
Lúcio Flavio – O seguro de vida
também é um produto de longo prazo, ninguém compra um seguro de
vida para morrer amanhã, e também como a previdência é uma
poupança, é patrimônio. Essa é uma consciência que o brasileiro
ainda está conquistado, isso está mudando também porque a população
está envelhecendo e as pessoas verificam que precisam deixar um
patrimônio para a família, proteger, até porque é uma indenização
que não entra em inventário, e o pagamento cabe no bolso. Os
produtos de vida e previdência procuram ser flexíveis e
transparentes para atender a todos os clientes.
Qual a participação da Bradesco nos ramos
de vida e previdência?
Lúcio Flavio – Estou há 30 anos
no mercado de seguros, sempre atuando vida e previdência. Lá atrás
tinha muita dificuldade para comercializar esses ramos, teve
uma crise de credibilidade muito grande. A entrada de empresas
grandes como a Bradesco deu credibilidade, porque o consumidor
precisa de solidez, uma relação de confiança, para adquirir
produtos de longo prazo. Em previdência privada a Bradesco tem
perto de 33% do mercado, somos líderes; em vida 17,5%,
vice-líderes.