O chileno Eduardo della
Maggiora, fundador da Betterfly, e Luciano Snel, CEO da Icatu Foto:
Divulgação/ Felipe Panfili
Em meio a inovações no setor, plataforma chega ao Brasil em
parceria da Icatu com ‘insurtech’ chilena Betterfly. Recompensas
são numa espécie de moeda digital
Em
mais um movimento em sua estratégia de modernização, a Icatu
Seguros firmou uma parceria com a start-up chilena Betterfly para
oferecer aos brasileiros um seguro de vida que “paga” para que os
clientes tenham uma vida saudável.
A
cada exercício físico ou meditação, por exemplo, os usuários
receberão moedas digitais, que poderão ser trocadas por benefícios,
como um aumento do valor do prêmio, ou por doações para
instituições parceiras, que atuam no combate à fome e no
reflorestamento, entre outras causas.
Funciona como um sistema de pontuação, que a Betterfly chama
de better coins, e já funciona no Chile. A plataforma
da insurtech, como são chamadas as start-ups do
mercado de seguros, integra outros aplicativos, como Apple Health,
Samsung Health e Android Fit, que reúnem dados sobre a saúde dos
usuários.
Através desses sistemas é possível checar, por exemplo, quantos
quilômetros o cliente correu em um determinado dia.
A
expectativa do Icatu é que o produto atraia primeiro os mais
jovens, já habituados ao uso de tecnologia no dia a dia. Esse
público, inclusive, vem crescendo no setor de seguros, com o
aumento da variedade de produtos disponíveis e a redução no custo
das apólices.
—
Tem uma gameficação por trás da plataforma que
os mais jovens vão ter uma conexão muito forte — aponta Luciano
Snel Correa, CEO da Icatu, que também espera uma forte aderência de
outras faixas etárias, com a possibilidade de transformar uma
“coisa complexa” como o seguro de vida em algo mais intuitivo e até
mesmo divertido.
A
Icatu vem apostando na estratégia de se unir a start-ups para
aumentar sua fatia do mercado e rejuvenescer a área de seguros. A
marca está há 30 anos no Brasil. Neste ano, já foram firmadas
parcerias com a Creditas, Flash e Guiabolso para desenvolvimento de
produtos.
No
ano passado, a companhia investiu mais de R$ 120 milhões em
tecnologia e inovação e pretende investir mais R$ 200 milhões nessa
área este ano.
Por
enquanto, o produto estará disponível apenas através dos corretores
ou de empresas que desejem contratar e ofertar o seguro para seus
funcionários.
— O
que estamos fazendo é transformar uma apólice, que a pessoa pagava,
mas não usufruía em vida, em um serviço que ajuda o cliente a ter
uma vida melhor, e pode ser usado todos os dias para inspirar a
viver uma vida mais saudável e ainda ajudar outras pessoas, o que
contribui para a felicidade e o bem-estar — afirma Eduardo della
Maggiora, fundador da Betterfly.
Fundada em 2018, a insurtech tem atualmente 170
funcionários e executivos nos Estados Unidos, Argentina e Equador,
além do Brasil, que será o primeiro país a receber operações
comerciais da empresa fora do Chile.
Com
a pandemia, houve um aumento da procura pela apólice de seguro de
vida. Segundo Snel, a arrecadação da companhia com essa modalidade
cresceu 25% este ano.
— No
meio dessa incerteza econômica, de saúde, a gente percebe uma
curiosidade jamais vista pelo seguro de vida, tanto por parte de
pessoas físicas, quanto por empresas — diz o CEO da Icatu.
Segundo ele, o momento é de
inflexão para o mercado:
— Há
alguns anos a previdência privada se tornou um produto de primeira
necessidade para o brasileiro, e a gente sempre se perguntava o que
faltava para o seguro de vida ser demandado como a previdência.
Começamos há alguns anos a nos preparar para atender a qualquer
público em qualquer canal, que é o que vai nos permitir fazer essa
integração com a Betterfly.
A
insurtech já captou um total de US$ 80 milhões desde sua criação,
sendo US$ 60 milhões na última rodada de investimentos, que
aconteceu em junho. A operação foi liderada pela DST Global com um
grupo de fundos, como Softbank, Valor Capital e Endeavor Catalyst.
A QED, que liderou a rodada anterior, também acompanhou.