“Os
seguros, como um todo, sempre tiveram um papel muito importante na
sociedade devido à sua própria natureza, ligada à proteção de
pessoas, famílias e empresas contra riscos de todo tipo”, afirmou
logo na abertura o Presidente da CNseg, Marcio Coriolano,
entrevistado desta segunda-feira, dia 23, da Maratona do Seguro,
evento organizado pelo jornal do Seguro (JRS). Segundo Coriolano,
essa importância do seguro, que vem desde os tempos das grandes
navegações, torna-se ainda maior na atualidade da pandemia, como
agora vivemos. “Este momento dramático da sociedade brasileira e
mundial despertou ainda mais a aversão das pessoas e empresas ao
risco”, afirmou.
O impacto da pandemia no
setor segurador
O
Presidente da CNseg lembrou que os últimos 10 anos foram muito
promissores para o seguro, porque motivados pelo crescimento, na
sociedade, da consciência da importância desse instrumento de
proteção contra riscos de todas as espécies. No final de 2019,
disse, todos estavam animadíssimos com a taxa de crescimento de
12,9% do mercado de seguros, mas veio a pandemia em março de 2020 e
a queda foi “vertiginosa”, com a recuperação tendo início em junho,
apesar de apresentar taxas não tão positivas quanto antes.
Recuperação, esta, potencializada pela conscientização dos riscos
que corremos gerada pela pandemia, mas também devido à tecnologia
disponível para permitir o isolamento dos profissionais do setor
sem que isso impactasse na oferta dos seus produtos. Agora, em
2021, afirmou, nota-se que o setor já volta a patamares
pré-pandemia, com destaque para os segmentos de saúde suplementar e
de vida, além do seguro residencial, que ganhou mais importância a
partir do momento em que a residência passou a também ser local de
trabalho e de educação dos filhos. Coriolano também citou o bom
desempenho dos seguros rural, de transporte, – principalmente de
carga -, e de responsabilidade civil.
O ambiente
regulatório
Sobre as mudanças no ambiente regulatório, o Presidente da CNseg
afirmou que a atual diretoria da Susep assumiu com o intuito
flexibilizar os normativos de produtos, para permitir que as
seguradoras aumentem a sua oferta com menores “custos de
transação”. Entretanto, ele acha que é cedo para se fazer qualquer
tipo de ilação sobre o efeito dessa flexibilização normativa sobre
o crescimento do mercado.
A
respeito das questões ASG (Ambientais, Sociais e de Governança),
Coriolano comentou que tanto os reguladores, quanto as empresas,
estão cada vez mais atentos a esses atributos de governança e
começam a sair do discurso para a prática, mencionando recente
consulta pública do Banco Central sobre o sistema financeiro, que
deve chegar logo ao setor de seguros.
O open
insurance
Quando questionado a respeito do open insurance, ele disse ter, em
geral, uma visão positiva e explicou que esse modelo se baseia em
três pilares: mais eficiência das informações fornecidas pelas
seguradoras para a Susep, nova estrutura de informações eletrônicas
fornecidas pelas seguradoras para os consumidores e obrigatoriedade
de transações de informações eletrônicas entre as seguradoras.
Entretanto, na opinião dele, diferentemente do que ocorre na
Europa, no Brasil o open insurance está sendo implantado de maneira
muito acelerada, sem que haja tempo hábil para as seguradoras
amadurecerem os processos envolvidos. Além disso, também há uma
preocupação grande em relação ao sigilo das informações que, em
caso de falhas, pode ter impactos muito negativos no setor,
principalmente depois da entrada em vigor da LGPD (Lei Geral de
Proteção de Dados).
O problema das associações de
proteção veicular
Sobre as associações de proteção veicular, o Presidente da CNseg
afirmou que ninguém pode ser contra a associação de pessoas para
defenderem uma causa ou para fins econômicos. Porém, de acordo com
a legislação brasileira, essas associações só podem funcionar se os
produtos ou serviços ofertados forem direcionados exclusivamente a
esses grupos fechados de associados, diferentemente do que ocorre
com essas associações que comercializam a proteção veicular para
potencialmente toda e qualquer pessoa. “Nós não somos contra a
competição, mas contra uma concorrência desproporcional em termos
de atendimento a exigências”. Ele argumentou que, enquanto as
seguradoras precisam observar uma série de requisitos regulatórios
que, além de gerarem custos, geram responsabilidades, essas
associações não possuem nenhum tipo de exigência regulatória, nem
mesmo as relacionadas ao Código de Defesa do Consumidor (CDC). “Já
são mais de 500 ações transitando no judiciário contra essas
associações e os resultados têm demonstrado que a razão está do
nosso lado”, afirmou. Coriolano também disse que o desejo do
setor é que o Governo dê celeridade ao Projeto de Lei que leva
essas associações para o mesmo ambiente regulatório das
seguradoras.
Em
suas considerações finais, o Presidente da CNseg afirmou que o
papel da Confederação é trazer o máximo de informação possível para
que a sociedade possa fazer as melhores escolhas em termos de
proteção securitária.
A
Maratona do Seguro vai até o dia 25, contando com mais de 15 horas
de transmissões pelo canal
do Jornal do Seguro (JRS) no YouTube com
diversas lideranças do mercado brasileiro.