A flexibilização da regulação
de seguros massificados pretende trazer maior simplicidade e
clareza para os produtos, sempre com a preocupação de aumento de
transparência para o consumidor. O assunto foi tema de debate na
manhã desta terça, dia 18/08, em um Webinar realizado pela
Superintendência de Seguros Privados (Susep).
A superintendente Solange
Vieira abriu o encontro dizendo que os técnicos da autarquia vêm
trabalhando intensamente para mudar as diretrizes do setor de
seguros. Segundo ela, o país vem com tendência de maior liberdade
econômica, “menos interventiva e que vise desenvolver os
negócios”.
Solange afirmou que não é uma
tarefa fácil para o regulador ver e entender “se o regulado está
pronto para caminhar sozinho. Temos uma cultura forte de defesa do
consumidor que, às vezes, se confunde com a regulação excessiva de
vários setores. Nós estamos tentando trabalhar isso”,
revelou.
A executiva destacou que é
uma tarefa que também precisa ser feita com os funcionários da
Susep. “É preciso mudar as diretrizes e ver que o setor de seguros
vai ter toda liberdade para aumentar a concorrência, apostamos que
maior cobertura e desenvolvimento do setor através de novos
produtos, simplificação da estrutura e parceria grande com o
próprio setor em que as empresas tenham liberdade para fazer isso.
Essa norma que está em consulta pública que esperamos entrar e em
vigor esse ano é um marco importante desse processo”,
enfatizou.
Solange disse ainda que até o
final dessa semana deve ser colocado em consulta o seguro de danos
de grandes riscos. “Separamos porque esperamos que grandes riscos
tenham mais liberdade. Vamos fazer uma divisão do setor na ótica de
entender que determinados clientes são hipersusficientes e têm
capacidade de negociar com as seguradoras na hora da contratação”,
explicou.
Os participantes do webinar
conheceram a proposta da Susep para seguros massificados. Rafael
Scherre, diretor da supervisão de conduta, participou e disse que
são diversas frentes da nova proposta para facilitar a competição e
reduzir as barreiras de entrada. “É um conjunto de medidas que
conversam entre si para proporcionar um ambiente de maior
negociação”, ressaltou. Para ele, o excesso de regulação diminui a
dinâmica do mercado.
Scherre disse ainda que as
alterações propostas pela Susep vão revogar (total ou parcialmente)
dez atos normativos. Ele reforçou que essa primeira fase não se
aplica a seguros de grandes riscos que terão uma nova
regulação.
A coordenadora-geral de
Regulação de Seguros Massificados, Pessoas e Previdência da Susep,
Mariana Arozo, destrinchou algumas das alterações propostas feitas
pela autarquia como, por exemplo, a flexibilização de
produtos.
Mariana explicou que as
seguradoras passam a ficar livres para desenvolver seus produtos
mais adequados aos consumidores. “Susep passa a deixar de
estabelecer seguros padrozinados para seguros de danos. Há exceções
como seguro carta verde ou azul porque há padronização por força de
acordo”, ressaltou.
Sobre a percepção de que a
estruturação em camadas seria obrigatória, ela disse que não é.
“Percebemos em conversa que ela traz complexidade para os produtos.
Claro que se uma companhia quiser manter essa estrutura, pode. Mas
pode fazer um clausulado simples, de fácil entendimento”,
esclareceu.
Ela ressaltou que a
flexibilização traz artigo que as coberturas podem ter escolha na
rede de prestadores de serviços desde que oferecendo transparência
para o consumidor. “Trazemos uma flexibilidade para seguradora
oferecer diferentes produtos, mas o consumidor deve entender o que
ele contratou. O ponto positivo é que possibilitamos que sejam
produtos que ofereçam diferentes tipos para as pessoas com uma rede
ampla ou pequena”, diferenciou.
Sobre o pagamento de prêmio,
ela explicou que a norma 239 tinha a opção à vista ou fracionado.
“Trazemos uma opção do prêmio que pode ser mensal, com outra
periodicidade; pode ser vinculado à cobertura recebida pelo
segurado no seguro liga e desliga, por exemplo”.
Ela explicou também que ao
registrar um produto na Susep, a companhia já pode iniciar a
comercialização assim que receber o número. “Não precisa mais
aguardar a autorização”, ressaltou. Mariana acrescentou que o
registro de nota técnica deve ficar na seguradora. “A Susep pode
pedir, mas não é obrigado a entregar”, disse.
A executiva finalizou sua
apresentação dizendo esperar que o novo marco tenha sucesso no
mercado. “Nossa intenção é que as seguradoras possam inovar
trazendo produtos adequados à sociedade”, disse.
Ela concluiu destacando que
as propostas apresentadas ao novo marco regulatório têm como
objetivo permitir que o mercado tenha produtos flexíveis, maior
liberdade contratual, mais transparência e inovação. Tudo isso,
segundo ela, para que o mercado de seguros possa ter um crescimento
dos seguros de danos massificados.