Segundo o estudo, em 80% dos centros urbanos a qualidade do ar não atinge os parâmetros de saúde estipulados pela ONU. E pior: mesmo fora dos grandes centros, são grandes as chances de que o indivíduo faça parte do grupo de 3,5 bilhões de pessoas que dependem de mares poluídos para se alimentar ou da parcela da população mundial que não tem acesso a banheiros adequados – 2 bilhões de pessoas.
Os 50 maiores lixões do planeta trazem riscos à vida para outros 64 milhões de indivíduos, segundo texto divulgado pela ONU. Por ano, 600 mil crianças sofrem danos cerebrais devido à presença de chumbo em tintas.
O relatório chama atenção para os riscos enfrentados pelos mais vulneráveis. Meninos e meninas podem ter seu desenvolvimento físico e mental atrofiado por conta da exposição à poluição durante os primeiros mil dias de vida. Já os segmentos mais pobres dependem de ecossistemas saudáveis, cujo equilíbrio é afetado pela poluição, ou de empregos nas ocupações mais insalubres do mundo.
O impacto ambiental da poluição também é devastador. Hoje, os oceanos possuem 500 “zonas mortas”, cuja concentração de oxigênio é tão pequena que torna inviável a presença de vida marinha. Mais de 80% do esgoto mundial é despejado no meio ambiente sem tratamento, poluindo os solos usados na agropecuária e os lagos e rios que são fonte de água para 300 milhões de pessoas. Depósitos de substâncias químicas ameaçam poluir ainda mais a natureza e colocar a vida de mais pessoas em risco.
Soluções: consumo e produção sustentáveis
Embora algumas formas de poluição tenham diminuído em anos recentes, a ONU Meio Ambiente alerta que as conquistas são frágeis, sobretudo porque o consumo e a produção não sustentáveis podem levar a retrocessos. Para enfrentar esse cenário, a agência das Nações Unidas definiu 50 políticas para mitigar a destruição da natureza. Medidas giram em torno de cinco eixos principais:
- Liderança política e parcerias em
todos os níveis, mobilizando os setores industrial e
financeiro;
- Ações contra os piores poluentes e uma aplicação mais eficaz das
leis ambientais;
- Abordagens renovadas para gerenciar as economias, através da
eficiência no uso de recursos, mudanças nos estilos de vida e uma
gestão de resíduos aprimorada;
- Investimentos novos, massivos e redirecionados para tecnologia
limpa e de baixo carbono, para soluções baseadas nos ecossistemas,
bem como para pesquisa, monitoramento e infraestrutura para
controlar a poluição;
- E conscientização para informar e inspirar as pessoas em todo o
mundo.
- “O desenvolvimento sustentável é agora a única forma de
desenvolvimento que faz algum sentido”, defendeu Solheim. De acordo
com a ONU Meio Ambiente, se a comunidade internacional ignorar o
problema da poluição, os países não conseguirão cumprir os
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, os
ODS.
Ligia Noronha, uma das coordenadoras do relatório, enfatizou que a produção e o consumo sustentáveis são cruciais para reduzir a poluição. “A única resposta à pergunta de como podemos todos sobreviver neste único planeta com nossa saúde e dignidade intactas é mudar radicalmente o modo como produzimos, consumimos e vivemos nossas vidas”, afirmou.
Outra recomendação da ONU Meio Ambiente é o fortalecimento da governança ambiental, com a consolidação de marcos internacionais e acordos multilaterais que englobem tanto compromissos formais, quanto engajamentos voluntários de cada ator envolvido.
A degradação do meio ambiente estará na pauta das atividades da terceira Assembleia Ambiental das Nações Unidas, que acontece do dia 4 a 6 de dezembro em Nairóbi, no Quênia. O encontro, promovido pela ONU Meio Ambiente, é a instância decisória mais elevada para deliberações sobre questões ambientais. O evento reunirá lideranças de países, do setor privado, da sociedade civil e da academia.
Acesse o relatório na íntegra clicando aqui: https://papersmart.unon.org/resolution/uploads/25_19october.pdf