A Fenacor,
juntamente
com Susep e CNseg,
liderou uma ação emergencial para
garantir a contratação do seguro obrigatório de embarcações
(DPEM). Desde o dia 1 de janeiro apenas uma
seguradora, a Bradesco Seguros, estaria fazendo o seguro de danos
pessoais causados por embarcações, uma espécie de DPVAT dos barcos.
A federação entendeu que, caso a medida não fosse tomada, a
população brasileira enfrentaria um grave problema social no início
do ano, momento em que muitos
usam embarcações em tempos de férias de
verão.
O Brasil está entre os países nos quais
ocorre o maior número de acidentes com veículos aquaviários
envolvendo vítimas. Somente nos rios do Amazonas, entre
2005 e 2015, 269 pessoas morreram em naufrágios, segundo dados
do Comando do 9º Distrito Naval da Marinha. O número
de pessoas gravemente feridas é muito mais elevado. Nesse
sentido, a entidade ressalta que é necessário que o Governo
apresente uma solução à sociedade.
A diretoria da Federação
obteve da Bradesco Seguros o compromisso de adiar
(até 31/01/16) o fim da comercialização desse produto. O
presidente da Fenacor, Armando Vergilio, alerta, contudo, que se
não houver uma imediata decisão política, apoiada pelo
mercado de seguros, boa parte da população,
principalmente os mais carentes, sofrerá consequências
danosas, já a partir de fevereiro deste ano. “Temos muito
que agradecer à Bradesco Seguros, que iria encerrar a
comercialização do seguro DPEM já a partir de primeiro de janeiro,
mas ouviu os nossos apelos e adiou essa medida para o próximo
mês. Agora, o governo e o mercado precisam agir
rápido para evitar que a população fique desamparada”, adverte
Vergilio.
O quadro de acidentes tem se
agravado em todo o país. “O DPEM, embora seja um seguro
obrigatório, com cunho social, não é contratado por
parcela expressiva de donos de embarcações. E não há uma
fiscalização efetiva do Governo, o que é lamentável”,
observa Armando Vergilio. Ele revela que muitas vítimas de
acidentes com embarcações, ou
seus beneficiários, recorreram à Justiça, atingindo
diretamente a única seguradora que ainda comercializava o
DPEM, mesmo que ela não tivesse contratado o seguro.
Para o corretor se seguros
Wanderson Nascimento, o DPEM precisa ser assumido o mais rápido
possível. “O seguro vale tanto para embarcações comerciais como
para um jet ski. Nas fiscalizações na Capitania dos Portos, é o
primeiro documento requisitado. Num país com nosso litoral e nossos
rios, principalmente na Amazônia, não é possível deixar a população
descoberta. Este e sim, o DPVAT das águas e que mexe com a vida de
milhares de pessoas que transitam por via aquaviária”, alerta.
Para resolver o problema, a
Susep criou um grupo de trabalho para analisar e propor uma
solução bem como algumas alterações no modelo
atual do seguro DPEM. Armando Vergílio frisa,
entretanto, que o agravamento do quadro atual exige
mudanças imediatas no seguro DPEM, e que é preciso
avançar o quanto antes. “A situação é gravíssima.
Faço um apelo às autoridades e ao mercado de seguros para que
ajam rapidamente. Não temos mais tempo a perder”, conclama o
presidente da Fenacor.
DPEM – o que
é?
O seguro DPEM foi instituído pela
Lei nº 8.374, de 30/12/91, que em seu artigo 1º alterou a alínea
“l” do artigo 20 do Decreto-lei nº 73, de 21/11/66. Tem por
finalidade dar cobertura aos danos pessoais causados por
embarcações ou por sua carga às pessoas embarcadas, transportadas
ou não transportadas, inclusive aos proprietários, tripulantes e
condutores das embarcações, independentemente da embarcação estar
ou não em operação.
Quem deve
contratar?
Estão obrigados a contratar este
seguro todos os proprietários, ou armadores em geral, de
embarcações nacionais ou estrangeiras sujeitas à inscrição nas
Capitanias dos Portos ou Repartições a estas subordinadas.
A contratação do Seguro Obrigatório
DPEM é obrigatória para todas as embarcações, qualquer que seja a
sua propulsão e seu uso, tais como: esporte ou recreio, embarcações
de passageiros, de carga, de pesca e qualquer outra atividade.
O não pagamento do seguro
caracteriza que a embarcação não está devidamente licenciada.