Um grupo de servidores da
Câmara dos Deputados fez nesta segunda-feira (22) um novo ato no
Salão Verde contra a possibilidade de a direção da Casa mudar a
gestão do fundo do plano de saúde dos funcionários. Aos gritos de
"não, não, no Pro-saúde, não!", eles deixaram o Salão Verde e
percorreram alguns corredores da Câmara.
Os servidores já haviam protestado na sexta-feira
(19) e agendaram para a terça (23) a realização
de uma assembleia para decidir se fazem um indicativo de greve. No
momento da manifestação, que durou meia hora e reuniu cerca de 300
pessoas, segundo os organizadores, o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), não estava na Casa. De acordo com a assessoria de
imprensa dele, Cunha cumpriu agenda em São Paulo e só deve chegar
em Brasília no final da noite desta segunda.
O protesto é uma reação
à informação que começou a circular entre os servidores de que a
Mesa Diretora analisava mexer nas reservas do Pro-saúde, um fundo
composto com recursos dos servidores, de deputados e da União para
custear o plano de saúde dos funcionários da Câmara.
O vice-presidente do Sindicato dos Servidores do Poder
Legislativo (Sindilegis), Paulo Cezar Alves, admitiu nesta segunda,
porém, que, “oficialmente, não chegou nada de concreto” no sentido
de que possa haver mudança no fundo. “Ainda não tem um fato real.
Eu tentei ponderar aos colegas que a assembleia teria que ser feita
após o fato concreto”, disse.
Segundo ele, o diretor-geral da Câmara, Rômulo de Sousa
Mesquita, explicou que Cunha pediu mais detalhes sobre os recursos
que compõem o fundo, que somam cerca de R$ 380 milhões. “O
diretor-geral só falou que o presidente quer conhecer esse
montante. Hoje, contribuímos com R$ 322 por mês, além de pagarmos
uma co-participação em consultas e exames. Uma parte vai para o
fundo, que é como uma poupança para o futuro e a gente não quer que
mexam nele”, disse Alves
Na semana passada, Cunha negou que
o comando da Casa tenha intenção de usar os recursos da reserva,
mas destacou que avalia impedir novos repasses da União ao fundo.
Na avaliação dele, o montante aplicado no fundo já é alto e não
haveria necessidade de continuar com os aportes da União.
"Nós pagamos em conjunto, os
deputados e servidores, R$ 18 milhões por mês. São 6 mil pessoas a
R$ 300 reais mais ou menos. E a União coloca a sua parte por meio
do Orçamento da Câmara. Só que eles não gastam e pediram R$ 33
milhões da União esse ano. Tenho que zelar pelo dinheiro do
contribuinte. Para que vou colocar dinheiro do contribuinte num
fundo que não é gasto?", questionou o peemedebista na sexta.
A Diretoria Geral da Câmara
divulgou uma nota em que nega qualquer alteração no plano de saúde
e afirma que realizará um estudo sobre a reserva de contingência
para “otimizar os recursos em benefício dos servidores da
Casa”.