Segundo Arthur Chioro, agentes em portos,
aeroportos e fronteiras estão treinados para identificar suspeita
de contágio pelo vírus ebola no Brasil
O
ministro da Saúde, Arthur Chioro, disse na última sexta-feira (1º)
que os fiscais de vigilância sanitária nos portos, aeroportos e
fronteiras estão treinados para identificar, caso chegue ao país,
qualquer pessoa com suspeita de contágio pelo vírus ebola. Segundo
ele, no entanto, não há recomendação específica nem risco de
transmissão global do vírus.
“Queremos insistir: não há recomendação e não há
risco de transmissão global, segundo a Organização Mundial da Saúde
[OMS]. Por enquanto, não há recomendação de restrição de viagens.
Os casos, em sua maioria, se localizam em pequenas localidades
rurais”, disse o ministro, ressaltando que os profissionais da área
de saúde recebem diariamente os informes com recomendações da OMS,
que acompanha não apenas o ebola, mas todas as doenças
transmissíveis coletivamente.
A diretora-geral da OMS, Margaret
Chan, disse que o surto do vírus ebola está se expandindo mais
rapidamente do que os esforços para controlá-lo e que, se a
situação piorar, as consequências “podem ser catastróficas”, com
risco de propagação para outros países. A diretora adiantou que
alguns países terão que impor restrições de locomoção e para
reuniões públicas, dependendo da situação
epidemiológica.
Chioro explicou que a epidemia de
ebola na Libéria, em Serra Leoa e na Guiné tem relação com as
situações de conflito nesses países, com dificuldade das equipes
chegarem aos pacientes e até com tradições culturais desses países,
como os rituais fúnebres e outras crenças, como a recusa em lacrar
os caixões, o que propicia o contato com secreções de
cadáveres.
O ministro disse que os brasileiros
que viajam para os países afetados pela epidemia devem seguir todas
as recomendações das autoridades locais, mas que não há, por
enquanto, nenhuma orientação para a interrupção de viagens ou voos.
“É importante que tomem os cuidados que chamamos de biossegurança:
não entrar em contato com secreção, com vômito”,
explicou.
Ontem, a OMS anunciou a criação de um
fundo de US$ 100 milhões para combater o surto do vírus ebola na
Libéria, em Serra Leoa e na Guiné, que já matou 729 pessoas. Até
ontem, a Guiné já havia registrado 460 casos (336 confirmados, 109
prováveis, 15 suspeitos) e 339 mortes; e a Libéria, 329 casos (100
confirmados, 128 prováveis, 101 suspeitos) e 156 mortes. A Nigéria
teve somente um registro (caso de provável morte pela doença, ainda
por confirmar). Em Serra Leoa, de 533 casos notificados, 473 foram
confirmados, 38 considerados prováveis e 22 suspeitos. Houve 233
mortes.
Suspeita
O
Ministério da Saúde descartou a possibilidade de uma paciente do
Hospital de Doenças Tropicais (HDT) de Goiânia estar com o vírus
ebola. A mulher de 23 anos procurou atendimento no hospital
especializado por ter apresentado febre e tosse depois de uma
estadia de dez dias em missão religiosa no Moçambique.
O
país africano não é foco de surto da doença, mas, segundo
assessoria do HDT, como fica no mesmo continente de países em que
está havendo surto da doença, ela foi encaminhada para o serviço
especializado. Apesar de a hipótese de ebola ter sido descartada, a
paciente continua internada para descobrir o que provocou os
sintomas.
De acordo com o hospital, a paciente,
que não teve o nome divulgado, está passando por exames e apresenta
quadro geral bom e estável, sem risco de morte.