Chegar a R$ 1 trilhão em vendas de seguros de todos os tipos e de planos de previdência. Esse é o propósito do mercado de seguros que, em 2022, faturou R$ 356 bilhões (sem contar saúde e DPVAT). O esforço visa elevar a participação do setor de 6,4% para 10% do PIB até 2030. Já em indenizações, a perspectiva é chegar a 6,5% da riqueza nacional, ou seja, R$ 730 bilhões.
Esses dados estão no Plano de Desenvolvimento do Mercado de Seguros (PMDS). Um plano vivo, elaborado por uma equipe diversa, composta por todos os players. A ideia não é nova. Mas a união entre todos por um propósito comum é. Todos estão empenhados em vender proteção. O lucro será uma consequência da educação da sociedade sobre o gerenciamento de risco e a proteção financeira.
E a razão é simples. Esse é um momento extraordinário para o setor. Os riscos mudaram. Antes, o temor era ter o carro roubado. O melhor investimento era ter um imóvel. Hoje, os jovens não querem ter carro e nem comprar casas. Isso traz uma série de desafios para o modelo de negócios das re/seguradoras, acostumadas a usar períodos longos de dados para subscrever um risco. Agora, os novos riscos fazem qualquer previsão fugir dos padrões calculados por humanos e robôs.
Vemos a mudança climática e outras distorções, como a desigualdade social, como agravantes de uma tragédia como a do Litoral Norte de São Paulo em fevereiro deste ano, com perdas humanas e financeiras para indivíduos, empresas, governos e seguradoras, que se repetem ano a ano. Os crimes cibernéticos, com suas consequências incalculáveis, colocam todos sob pressão.
Há também o desafio da longevidade, que afeta igualmente indivíduos, empresas, governos e seguradoras. Os desenhos populacionais do mundo desenvolvido estão criando pressões e já vemos sinais claros de que os progressos ao longo de décadas para garantir aos idosos uma vida melhor agora coloca toda a sociedade sob pressão econômica e exige desde políticas sociais parrudas até projetos corriqueiros, como a conscientização das pessoas em cuidar do corpo, da alma e das finanças.
Quando se mexe no bolso, a mudança acontece. A perda conscientiza todos sobre a urgência de mudanças, com aquele gosto amargo na boca do ditado popular: prevenir é melhor do que remediar. Estudos internacionais mostram que apenas US$ 1 é gasto em prevenção de riscos para cada US$ 10 em reparações e coberturas, quando deveria ser o oposto.
E é isso o que propõe o PMDS, um estudo com debates aprofundados e realistas sobre o que tem de ser feito agora. Quem imaginaria uma pandemia de tamanhas proporções? E junto a ela, uma quebra na cadeia de suprimentos, deixando fábricas sem peças e consumidores sem produtos? Governo nenhum estava preparado para lidar com a inflação decorrente do lockdown. Nem com a necessária subida da taxa de juros para controlar a alta dos preços. E como consequência, falência de empresas, queda de arrecadação de impostos, elevação do déficit fiscal com o aumento dos custos dos benefícios sociais.
Como vemos, o mundo está desafiador como nunca e exige de todos nós soluções importantes. Inovar é uma ordem mundial para quem quer crescer com lucratividade em tempos incertos. O mercado de seguros se uniu pois sabe que é essencial para o crescimento econômico de qualquer país. Como disse Dyogo Oliveira, presidente da CNseg, os mais pobres são os que mais necessitam de proteção.
Essa é a proposta do estudo apresentado em março pela CNseg. Não se pode somente aumentar o preço quando o cliente está com o orçamento apertado. É preciso ganhar escala, conquistar os consumidores, fazer parcerias com governos. Os números são apenas uma consequência da união de todos em prol de ações para o crescimento sustentável do Brasil.