Uma espécie de ímã invisível tem movimentado o mercado médico de
Brasília. Aparentemente de súbito, a cidade tem atraído toda sorte
de investimentos em matéria de atendimento padrão luxo aos doentes
da capital.
Depois de dois gigantes hospitalares anunciarem unidades
monumentais na capital – primeiro a Rede D’Or e seus
mais de 400 leitos e depois
o primeiro hospital geral do Sírio-Libanês fora de São
Paulo –, Taguatinga entrou também no mapa como um polo
100% equipado para manejamento de diagnósticos de câncer. O
Hospital Anchieta, particular, acaba de estrear uma ala inteira nas
suas dependências dedicada apenas ao tratamento de tumores, com
equipamento de ponta.
O Hospital de Câncer, nome do empreendimento do
Anchieta, é o primeiro do tipo a funcionar no DF. Os concorrentes
Rede D’Or e Sírio prometem atividades a partir do início do ano que
vem e do fim deste ano, respectivamente. Enquanto isso, a novo
empreendimento em Taguatinga está de portas abertas desde outubro,
mas foi inaugurado oficialmente nesta quarta-feira (16/5), quando
as obras nos quartos – chamados de flats, pelo maior conforto
que oferecem – foram concluídas, conforme explicou uma das
diretoras da unidade, Naiara Porto.
Além da equipe do hospital, o governador do DF, Rodrigo
Rollemberg (PSB), e o secretário de Saúde, Humberto Fonseca,
compareceram ao evento. Ambos destacaram a possibilidade de que,
num futuro próximo, mesmo sendo da rede privada, o Anchieta possa
receber pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio de
parcerias. “A rede de saúde é composta também de empreendimentos
privados”, frisou o governador.
Shop in shop
Uma das novidades do empreendimento é aplicar, ao campo da saúde,
um conceito do varejo. O shop in shop (loja dentro da loja, em
tradução livre) virou, em Taguatinga “hospital dentro do hospital”.
Isso porque o Hospital do Câncer pegou emprestada a estrutura do
complexo onde já funciona o Anchieta. Mudanças foram feitas apenas
para atender melhor, de acordo com os gestores, o paciente com
câncer.
A unidade de terapia intensiva, por exemplo, ganhou seis novos
leitos exclusivos aos pacientes oncológicos. No pronto-atendimento,
um totem vai disponibilizar senhas exclusivas para pessoas que
chegam ao lugar com sintomas em função do tumor ou do tratamento. A
ideia é que eles não disputem atenção com enfermos de outras
patologias.
O paciente oncológico é diferente. Ele tem uma
doença que já representa uma maior ameaça à vida, exige uma série
de exames… A ideia é que todos esses problemas sejam resolvidos por
nós. Ele só vai precisar comparecer à consulta ou aos
exames"
Marcus França, diretor médico da
unidade
Entre os procedimentos de alta complexidade, agora integra o rol
dos tratamentos oferecidos no hospital o transplante de medula
óssea. Os ambulatórios de quimioterapia, contam também com o Orbis
Scalp Cooler, um aparelho tecnológico que resfria o couro cabeludo
e minimiza (em alguns casos, na verdade) a chance ou severidade da
queda de cabelo causada pela quimioterapia. O luxo, no entanto,
ainda não é coberto pelos planos de saúde aceitos no lugar.
Já na internação, o diferencial do HC em relação ao restante do
Anchieta são os tais flats: 27 quartos de internação que acolhem
não apenas o paciente, como sua família. “O diagnóstico de câncer
envolve toda a família. Sem o apoio necessário, o paciente não
adere adequadamente ao tratamento”, diz França.