Segundo uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao
Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes
Lojistas (CNDL) com brasileiros que estão sem trabalho revela, a
situação de desemprego forçou muitos desses consumidores a
interromper planos e modificar seus hábitos. De acordo com o
levantamento, mais da metade – cerca de 52% – dos
desempregados no país precisou abandonar algum projeto que
possuía ou desistir da aquisição de um sonho de consumo
em razão da demissão.
Os casos mais comuns foram: deixar de fazer reserva financeira
(28%); voltar atrás no plano de reformar a casa (25%); desistir de
comprar ou trocar o carro (17%); e deixar de adquirir móveis
para a residência (17%). Há ainda: pessoas que interromperam planos
de abrir o próprio negócio (16%); realizar uma faculdade ou
pós-graduação (14%); e fazer uma grande viagem (13%). Apenas 9% dos
entrevistados não tiveram de abandonar um projeto em decorrência do
desemprego, enquanto outros 38% nem sequer tinham algum sonho.
“O orçamento mais apertado como consequência do desemprego
impede o consumidor de seguir com seus projetos, porque isso
impacta a confiança e a certeza do dia de amanhã. Se ele enfrenta
dificuldades para se recolocar no mercado, terá de abrir mão não
apenas de alguns confortos, mas até mesmo interromper metas
importantes. É uma realidade dura que muitos brasileiros estão
enfrentando atualmente”, afirma a economista-chefe do SPC Brasil,
Marcela Kawauti.
Aproximadamente 59% diminuíram o padrão de vida após perder o
emprego. Os cortes mais expressivos foram em relação a vestuário e
saídas para bares e restaurantes.
Sem poder contar com a renda total anterior, muitos dos
desempregados chegaram à conclusão de que era preciso adaptar-se a
uma nova realidade. Apenas 31% deles têm conseguido manter o
mesmo padrão de vida da época em que estavam trabalhando, enquanto
a maioria (59%) mudou a rotina.
Corte de gastos
Segundo dados da pesquisa, a
maioria dos indivíduos teve que frear gastos. Os cortes mais
expressivos foram em: aquisição de roupas, calçados e
acessórios (65%); saídas para bares e baladas (56%); deliveries e
comida fora de casa (56%); e alimentos supérfluos, como carnes
nobres, bebidas e iogurtes (52%). Atividades de lazer (52%) e
gastos com salão de beleza (45%) completam a lista das principais
contenções.
Em sentido oposto, não houve corte no consumo para alguns tipos
de compromisso. Foi o caso de: contas de água e luz (65%); produtos
de higiene, limpeza e alimentação básica (64%); e planos de
internet (49%), telefonia (45%) e TV por assinatura (40%). Há
também 32% de desempregados que mantiveram plano de saúde, mesmo
com a falta de renda.
De acordo com a pesquisa, 46% dos desempregados passaram a pedir
dinheiro emprestado a amigos ou familiares para cobrir as despesas
quando o orçamento familiar não é suficiente, e 30% deles tiveram
de recorrer ao cartão de crédito para conseguir comprar tudo o que
precisam.