Uma concepção moderna de saúde
indica que ela se constitui no bem-estar do indivíduo nos aspectos
físico, mental e social, revelando-se num dos direitos fundamentais
do ser humano. Como aspiração básica em nosso país, ainda trilha um
longo caminho à sua concretização. Em verdade, a sua conquista
repousa na possibilidade de fazê-lo deixar a abstração para
aterrissar no mundo real, posto que a sua situação é caótica e
deficitária, apesar da Constituição Federal dispor no art. 196: “A
saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante
políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de
doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”.
Algumas conquistas foram efetivadas nos últimos tempos, mas ainda
estamos longe de alcançar o quadro ideal.
E dos problemas que afetam e
prejudicam o setor, talvez o mais grave se constitua no fato do
sistema atual transformá-lo de um direito do cidadão
constitucionalmente garantido em um privilégio econômico, acessível
a poucos. Perante a fragilidade dos órgãos públicos, proliferam os
planos de saúde da área privada, vislumbrando-se uma enorme
distorção que também evidencia a dramática característica da
desigualdade, inerente a outros aspectos sociais de igual
relevância. E os idosos são os que mais sofrem por não encontrarem
possibilidade de ingresso em novos produtos ou de promoverem
eventuais mudanças. Os enfermos, incapazes de tratarem de si
mesmos, necessitam de amparo, de assistência médica, de presença
amiga e de conforto espiritual. No Brasil, tais aspectos quase
nunca são outorgados aos pacientes, sendo inúmeros os problemas no
atendimento médico e hospitalar da população que se depara com uma
estrutura ineficaz e desprovida de recursos, mercê ausência quase
absoluta de vontade política em amenizar o contexto.
JOÃO CARLOS JOSÉ
MARTINELLI é advogado, professor universitário e presidente da
Academia Jundiaiense de Letras
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