Seguros crescem enquanto a economia
patina e o desemprego segue alto. Nesse cenário, três modalidades
chamam atenção: prestamista, educacional e resgatável
Com retração de 3,6% em relação ao ano
anterior, o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro caiu pelo
segundo ano consecutivo em 2016 e confirmou a pior recessão da
história do país. Enquanto isso, o mercado de seguros, sem
considerar o ramo de saúde, teve expansão de 9,2% no ano passado
ante 2015, totalizando 239,3 bilhões de reais em prêmios, segundo
dados da Susep (Superintendência de Seguros Privados —órgão
regulador do setor).
Neste ano, o movimento continua
positivo: com arrecadação de 117,9 bilhões de reais, o crescimento
do mercado de seguros no primeiro semestre de 2017 foi de 3,5%
frente ao mesmo período do ano passado. Descontando a arrecadação
do Seguro DPVAT, cujo volume de prêmios foi reduzido por norma do
CNSP (Conselho Nacional de Seguros Privados), o crescimento chegou
a 5,3%. Já o PIB teve variação nula nos seis primeiros meses de
2017, na comparação anual.
Segundo a CNseg (Confederação Nacional
das Seguradoras), o seguro de pessoas tem sido um dos principais
responsáveis pelo crescimento do setor. Entre janeiro e junho deste
ano, a arrecadação dos seguros de vida individuais, por exemplo,
aumentou 26% sobre o mesmo período de 2016.
“Na crise econômica, o comportamento
do consumidor de seguros mudou. Os clientes perguntam mais sobre
novos serviços e têm um cuidado maior com a cobertura que estão
contratando. As seguradoras também passaram a oferecer produtos que
se adaptam melhor à realidade dos consumidores e a comunicar isso
de forma mais eficiente”, avalia Boris Ber, vice-presidente do
Sindicato dos Corretores de Seguro no Estado de São Paulo
(Sincor-SP).
Muito desse movimento está relacionado
à alta taxa de desemprego no país, de 12,6%, na avaliação de
Claudio Leão Feitosa, diretor da Bradesco Vida e Previdência. “Com
tantos desempregados, é evidente que haja menos trabalhadores com
seguros oferecidos entre os benefícios das empresas. É natural que
as pessoas procurem alternativas para a proteção que elas
perderam”, diz.
Segundo Patrick Paiva, presidente da
comissão de riscos da FenaPrevi (Federação Nacional de Previdência
Privada e Vida) e gerente de produtos de vida da Icatu Seguros, a
maior conscientização e conhecimento das pessoas em relação aos
produtos de seguros também contribui para o avanço do setor. “Isso
é importante porque o seguro de pessoas representa apenas 0,5% do
PIB brasileiro atualmente. Ou seja, é um oceano azul com alto
potencial de crescimento.”
Levantamento realizado pela Icatu
Seguros no início deste ano mostrou como o conhecimento sobre
seguros pessoais ainda precisa avançar no país. A pesquisa
perguntou a 300 consumidores que não são clientes da seguradora
quanto eles acham que custa um seguro de vida, de acordo com a sua
idade e condições de saúde. Os entrevistados atribuíram um preço
até 2,5 vezes acima do valor real.
“Se você pegar um seguro de vida, ele
é muito mais barato do que um seguro de automóvel. Só que a
indenização de um seguro de vida é muito maior”, diz Paiva. “A
demanda tem crescido, sim, e a indústria tem se adaptado às
necessidades das pessoas, mas ainda precisamos criar o hábito do
seguro pessoal no Brasil.”
Três modalidades de seguros pessoais
têm chamado atenção especialmente no cenário atual, de crise: os
seguros prestamista, educacionais e resgatáveis (dotais).
Pesquisa feita pelo Google Brasil a
pedido de EXAME aponta que o volume de buscas por seguro
prestamista cresceu 38% entre janeiro e setembro deste ano, em
relação ao mesmo período do ano passado, enquanto que a procura por
seguros resgatáveis saltou 93% no mesmo período. Já as buscas por
seguro educacional ficaram praticamente estáveis.
Os números do setor compilados pela
FenaPrevi (abaixo) mostram que essas três modalidades cresceram
mais de 20% cada uma no primeiro semestre de 2017, sobre igual
período do ano passado. Veja a seguir o que são, como funcionam e
para quem são indicados os seguros prestamista, educacionais e
resgatáveis.