Trilhas de Seguros, realizadas na 27ª
Edição do CIAB Febraban, debatem a marcha das cias para o mundo
digital
Venda de seguro digital, estamos
preparados? Esse foi o último painel da Trilha de Seguros, que
aconteceu nos dias 6 e 7 de junho, na 27ª edição do CIAB Febraban,
em São Paulo. Segundo o que expôs o palestrante, Tonatiuh Barradas,
vice-presidente de indústrias estratégicas da SAP América Latina e
Caribe, e o debatedor Ismael Tessarin Grandi, superintendente da BB
Seguridade, os desafios são muitos para o mercado segurador
brasileiro vender seguro de forma totalmente digital.
Barradas ressaltou que o setor vive
uma transformação importante, que envolve risco, rentabilidade,
tecnologia e conexão. “Todos somos digitais hoje. A conexão mudou a
forma como cada um de nós trabalhamos, vivemos e operamos com as
casas, carros e saúde, as principais carteiras de negócios das
seguradoras. E eu vejo o setor como o “Seguro das Coisas”, pois
pode criar produtos e serviços para tudo o que está conectado:
casas, carros, saúde, empresas, viagens, vida, se valendo das
informações disponíveis por meio da Internet das Coisas (IoT),
analisadas com o mundo de programas disponíveis em inteligência
artificial”, afirma.
De acordo com Barradas, o primeiro e
mais importante passo é a simplificação. “É preciso dar poder ao
usuário, para que ele possa escolher o que quiser, da forma que
quiser. É preciso ter uma plataforma amigável a todos os tipos de
consumidor”. Para exemplificar, ele mostrou um dos projetos do qual
participou. Trata-se do Money Super Market, portal baseado na
Inglaterra, identificado como uma plataforma de vendas, ou
agregador, como alguns costumam chamar.
Nele, o internauta encontra vários
produtos financeiros, como seguros de vida, carro, viagem, bem como
financiamento, cartões de crédito, fundos, hipotecas. Não há uma
marca própria. É como um supermercado, que consolida propostas de
diferentes empresas. Se o cliente quer vida, o portal apresenta
todas as opções das seguradoras que fazem parte da parceria. “O que
caracteriza o portal é a simplicidade. Tem uma visão única dos
clientes e histórico das cotações apresentadas. É um Omni Chanel,
pois pode ser acessado por diferentes canais. E é um sucesso”,
comenta.
Ao assumir o microfone logo após a
palestra de Barradas, Grandi indagou: seremos aceleradores dessa
transformação ou seremos acelerados por ela?. O slide inicial da
sua apresentação foi sobre a transição entre a velha economia, com
as grandes corporações fazendo ataques fulminantes a pequenas
empresas, e a nova economia, na qual as startups, que podem nascer
no fundo de uma casa, criam soluções que ameaçam as grandes
corporações.
Um ponto muito polêmico em ser digital
está na forma de pagamento do seguro. Grandi, que faz parte da
Comissão de Digitalização da CNseg, afirmou que o setor não pode
esperar mais para entrar “de cabeça” no mundo digital. “Não podemos
correr o risco de acontecer com seguros algo parecido com o que o
Uber fez com o segmento de taxistas”. Sabemos que empresas como
Google ou Facebook são plataformas que têm até mais informações do
que as seguradoras. Para o executivo da BB Seguridade, todos têm de
discutir a regulação do setor no mundo digital. “É função de todos
os atores. Seguradores, corretores, órgão regulador, consumidor. De
todos”, enfatizou. Segundo ele, a Susep está aberta a discutir o
tema e conta com o apoio técnico de todos. O consumidor, já usuário
de outros segmentos totalmente digitais, cobra isso de seguros.
“Ele não quer mais assinar uma apólice. O nosso cliente do futuro é
esse jovem que sequer usa e-mail. Se comunica de outra forma. Se
não fizermos, outros farão”, defende.
Alexandre Leal, superintendente
executivo técnico da CNseg, moderador do debate, destacou a visão
exposta pelo consultor de que a seguradora oferece proteção contra
risco e não um produto financeiro. “Na CNseg temos ações para
divulgar isso para consumidores dentro da difusão da cultura de
seguro”, citou. Ele também reforçou que o setor tem grande
quantidade de informações para serem utilizadas por todos. “Afinal,
a matéria prima do seguro é a informação e temos certeza de que o
cliente é que vai mudar o setor”, finalizou.
Comunicação via plataformas
digitais
A sociedade se transformou, com
pessoas que aprenderam a se comunicar via plataformas digitais.
Diante disso, é urgente que as seguradoras desenvolvam propostas de
valor para conquistar esses clientes. Essa foi a tônica do painel
“Produtos e serviços inovadores: aprimorando a experiência do
cliente”, realizado na Trilha de Seguro durante a 27ª Edição do
CIAB Febraban, realizado entre 6 e 8 de junho, em São Paulo.
Luiz Rodrigo Barros e Silva, diretor
de serviços financeiros da IBM Consulting, afirmou que a seguradora
que mais rápido se transformar em em omni-channel, uma tendência do
varejo que se baseia na convergência de todos os canais utilizados
por uma empresa, maior será seus ganhos. “Ao promover uma
experiência única para seus clientes, a seguradora pode atrair
insights de todas as informações extraídas do portal e criar e
ofertar produtos e serviços com muita assertividade, tanto para o
perfil do cliente, para um determinado momento de sua vida e,o mais
importante, com um preço que caiba no orçamento.
Para que a entrega digital ao cliente
aconteça, Silva insiste que o maior desafio está nas seguradoras
fazerem uma transformação em todos os níveis da organização. “Não é
uma tarefa fácil, mas toda a empresa deve estar alinhada a uma
cultura focada no cliente”, enfatiza.
Rafael Caetano Tongnole,
superintendente de Marketing e Canais Digitais da Porto Seguro,
contou que o propósito da organização é atender e prover serviços.
“E não atender de qualquer jeito, e sim de forma familiar. E como
fazer isso nos diversos canais digitais com a mesma maestria que
fizemos nos últimos anos? Esse é o nosso desafio diariamente”,
disse.
Segundo ele, a transformação da Porto
Seguro começou na revisão do negócios. Ofertar serviços para que
ajudassem o cliente no dia a dia e não só se por perdas com o
carro. Foi quando o grupo se especializou em serviços e
atendimento. Hoje, o principal produto da companhia é o seguro de
carro, que está com tendência de baixa segundo pesquisas que
revelam a preferência das novas gerações em transportes
alternativos. “Antes todos sonhavam em ter um carro ao completar 18
anos. Agora o sonho é conhecer o mundo”.
Então novamente o grupo se adaptou ao
movimento de mercado e a companhia criou novos negócios, como
cartão de credito, operadora de telefonia móvel, planos de saúde
para pets, Hoje, a Porto Seguro é verticalizada, com 27 unidades de
negócios independentes. “É uma jornada desenvolver a cultura
digital dentro da empresa. É um processo que envolve conhecer as
preferências deste cliente hiper conectado”, confessa.
Tongnole também alerta para a
necessidade de tomar decisões conscientes. Um dos exemplos tem três
letrinhas que estão na moda: APP. “Quando se pensa em cliente
digital, logo se quer lançar um aplicativo. Mas eu digo. Tem de ter
consciência se faz sentido ou não. Hoje temos mais de 20 apps que
nos mostram que quem escolhe o canal para se comunicar com a
companhia é o cliente. Para muitos, o App pode não ser o canal”,
alerta.
Outra certeza do executivo da Porto
Seguro é que o grupo tem de mergulhar de cabeça para perceber qual
o melhor formato para construir experiências relevantes para o
consumidor. Uma que está em fase de projeto é o uso de Chatbot,
assistentes virtuais que simulam um ser humano na conversação com
as pessoas, que traga o tom da marca de uma forma humanizada.
Alexandre Nogueira, diretor da
Bradesco Seguros e mediador do painel, afirmou que essas soluções
citadas já são praticadas por outros mercados, como financeiro,
empresas aéreas, hotéis, entrega de comidas entre outros, fazendo
com que os consumidores exijam as mesmas facilidades de escolha,
comparação de preços, compra e pagamento das seguradoras. “Tornar a
inovação parte das diretrizes estratégicas da empresa não é fácil.
Mas é o único caminho neste mundo conectado”, resumiu. “No
Bradesco, usar o conceito InovaBRa do banco tem nos ajudado muito a
ver que, quando se alinha a inovação com as diretrizes estratégica,
os resultados aparecem”.
Uma trilha para o mundo digital
Um nome a princípio estranho – DevOps
– é uma das apostas das empresas de consultoria para ajudar a
indústria de seguros na conversão para o mundo digital. Esse foi o
tema de um dos painéis da Trilha de Seguros, que aconteceu no CIAB
Febraban, evento realizado entre 6 e 8 de junho, em São Paulo.
Michael Wagner, especialista da Dell EMC, explicou à plateia que
DevOps é uma metodologia de desenvolvimento de software que explora
a comunicação, colaboração e integração entre desenvolvedores de
software e outros profissionais de Tecnologia da Informação
(TI).
De uma forma simples, o conceito desse
processo consiste em alinhar os times, unindo equipes de
desenvolvimento com as de operações, e fazer com que todos se
aproximem mais da área de TI. Segundo ele, a mudança cultural
trazida pelo DevOps é estratégica, por beneficiar toda a cadeia com
mais agilidade e eficiência nos processos, uma vez que permite
reduzir prazo de entrega de atualizações de sistemas e de serviços,
o que traz uma resposta de forma mais rápida às necessidades do
negócio neste momento de transformação que o setor enfrenta. “Sou
coaching de DevOps e ajudo a criar times dentro das empresas para
que elas sejam mais ágeis e flexíveis para enfrentar os desafios do
futuro”, explicou.
Google, Amazon, Facebook e Netflix e
três seguradoras no mundo, segundo ele, utilizam práticas de DevOps
para implementar códigos em produção milhares de vezes ao dia, com
webcasts que unem equipes em várias partes do mundo para reagir
rapidamente a uma mudança do mercado.
Luis Ricardo Torniero, diretor
comercial da Chubb Seguros, recomendou o processo DevOps para
organizações globais, pois, para pequenas empresas, não se
justifica ou mesmo numa startup. “Os desafios de uma empresa global
são enormes, pois são várias línguas e regulação de mercados. Ter
todo mundo falando a mesma língua, com o mesmo objetivo, é de
grande complexidade. Os projetos, às vezes, levam seis meses, e o
mercado, às vezes, muda em 15 dias. Diante disso, o DevOps ajudaria
muito, diante de um investimento grande e persistência”, comenta
Torniero. Já em startup é muito difícil ter desperdício. Já em uma
empresa média para grande, acredito que o DevOps acrescentaria
muito”.
Camilo Ciuffatelli, gerente de
tecnologia da Tokio Marine, disse que o sonho dos usuários é fazer
implementações todos os dias. “Esse tipo de metodologia nos faria
se sentir no paraíso, além de trazer ganhos para todos os
stakeholders”, comentou, ao finalizar o painel.