A polêmica que envolve a Reforma da
Previdência cria, em paralelo, novos embates, inclusive entre
segmentos afins. Nesta sexta-feira, por exemplo, a Abrapp
(Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência
Complementar), que representa os fundos de pensão, disparou contra
a emenda acrescentada ao projeto de reforma da previdência que
permite a gestão de planos de aposentadoria dos funcionários
públicos por entidades abertas de previdência privada. “A gestão
desses planos é das entidades fechadas, que não tem fins
lucrativos. A exclusividade está garantida pelo artigo 202 da
Constituição”, argumentou o presidente da Abrapp, Luís Ricardo
Martins.
Segundo ele, a proposta, se for
aprovada, vai prejudicar os servidores, que para a Abrapp,
perderiam representatividade nos conselhos das entidades e
rentabilidade , uma vez “que as entidades abertas são instituições
com fins lucrativos”.
A Abrapp garante que a proposta também
é inconstitucional. “Se esta permissão passar, vamos entrar com uma
Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIN) no Supremo Tribunal
Federal para derrubá-la”, prometeu Martins.
Dados da Abrapp indicam que, no final
de 2016, mais de 66 mil funcionários públicos participavam desses
planos, que acumulam aproximadamente R$ 1,2 bilhão de ativos.
Martins acentuou que a Abrapp “tem
mandato para defender os participantes” e assegurou que, se a
permissão passar, a entidade vai buscar o reconhecimento das
violações e essa defesa dos associados. “Estamos examinando essa
possibilidade, mas o caminho judicial está aberto”, advertiu.
Mesmo adotando um forte discurso
contra a previdência privada, o presidente da Abrapp garantiu que
não é contra a concorrência, apenas defende “uma concorrência
justa”.
Dito isso, ele voltou a cutucar os
concorrentes, frisando que esta é, inclusive, “uma excelente
oportunidade para pleitear igualdade de condições com as entidades
abertas, que têm vantagens em pelo menos duas esferas: estrutural e
tributária”.
De acordo com Martins, em termos de
estrutura, há limitações para as entidades fechadas investirem no
negócio; algo fundamental para a expansão. Já, em relação à
tributação, as abertas têm produtos que oferecem vantagens aos
investidores. “Neste sentido, as condições são duplamente injustas,
pois somente os planos fechados acumulam recursos de longo prazo –
nas abertas, os planos funcionam mais como investimentos de curto
prazo do que como acumulação para aposentadoria de fato”,
criticou.