Participante do programa de aceleração
da Porto Seguro,
Inytcer aposta em sistema com “memória” para se diferenciar de
outras empresas do segmento
Clovis dos Santos e Ronaldo Pereira
trabalhavam na TI da Porto Seguro quando
identificaram a oportunidade de participar do programa de
aceleração de startups da seguradora, a Oxigênio, aberto para o
público interno e externo. A ideia apresentada foi o TRON,
atendente virtual baseado em inteligência artificial (AI, na sigla
em inglês), que pode ser usado a partir de aplicativos ou sistemas
de WebChat.
Depois do aval do Oxigênio na
iniciativa, os executivos decidiram montar em agosto de 2016 uma
empresa com foco na ferramenta deixar seus postos na área de
tecnologia da seguradora para evoluir a ideia.
O primeiro traço do TRON surgiu há 15
anos, quando Pereira buscava concretizar a criação de um “amigo
virtual”. Anos depois, ele ganhou novos contornos com o
desenvolvimento de um sistema que, diferentemente dos demais de
inteligência artificial, é baseado em “memória”, assim como o
cérebro humano, e seu aprendizado é instantâneo.
Ele utiliza conceitos de Psicologia,
Neurologia, Filosofia e avançadas técnicas de AI. Exatamente por
essas características, não necessita de grande esforço de
programação e não precisa de conhecimento específicos de AI.
Pereira explica que o Watson, da IBM,
o sistema mais conhecido de inteligência artificial, tem vários
módulos e o desenvolvedor escolhe um ou mais para aplicar em um
negócio. O TRON é diferente. “O nosso é um cérebro e interage de
modo natural. A solução foi criada com base em uso
multidisciplinar, além de linguagem natural, entendendo frases
complexas com vários períodos”, destaca o executivo.
Segundo ele, trata-se, ainda, de um
sistema com capacidade superior a Siri, que, hoje, limita-se ao
entendimento de frases curtas e objetivas. O TRON, assim, aprende e
usa a informação disponível e faz deduções lógicas. Além disso, faz
análise de sentimento.
O TRON é usado, hoje, em um
projeto-piloto na própria Porto Seguro, em um dos serviços de
atendimento ao cliente chamado 300 Fácil, que atua em casos de
sinistro, reunindo desde solicitação de carro reserva até cobertura
de apólice. “Estamos evoluindo no uso, mas, de forma geral, a
tecnologia permite ganhos de produtividade, aumento da satisfação
do cliente e elimina o acesso à Unidade de Resposta Audível (URA)
com a simples menção do serviço”, detalha Sergio Innocenzi,
responsável pelo comercial da Inytcer. Dessa forma, aponta
Innocenzi, é possível levar mais qualidade ao atendimento.
O executivo conta que a Inytcer também
está em conversas avançadas com laboratórios farmacêuticos,
empresas da área financeira e de educação para ampliar o uso do
TRON. A Inytcer está levando a ferramenta para o Instituto do
Câncer apara facilitar e agilizar o agendamento de exames, seja no
telefone ou por meio de smartphones. Há ainda um piloto em execução
em parceria com a SACApp, que processa mensagens para a Operadora
Sky.
Com a evolução do sistema, os
executivos da Inytcer apontam que querem popularizar a inteligência
artificial. “Buscamos, em três anos, que a ferramenta reúna grandes
volumes de dados”, projeta Innocenzi.
A Inytcer participa hoje de outros
dois programas de aceleração, o InovaBRA e o Google Campus, mas não
pensa em buscar um investidor-anjo nesse momento. “Nosso receio é
que a solução não cresça, pois investidores querem rápido retorno
financeiro. No médio prazo, contudo, podemos rever a necessidade
busca de capital”, diz Innocenzi.