Lacuna de seguros e frequência
de perdas podem provocar aumento nos preços dos fretes
Um risco ainda difícil de quantificar,
a de ataques cibernéticos a embarcações, começa a entrar no radar
das companhias marítimas globais e a assustar armadores, dado o
potencial de danos capazes de produzir. Sobretudo porque as atuais
apólices de seguros estão ainda longe de suavizar os riscos dos
grupos criminosos responsáveis pelas extorsões antes de normalizar
os sistemas digitais.
No caso das embarcações, os
dispositivos de navegação eletrônicos, como GPS, podem ser a porta
de entrada para a ação dos criminosos cibernéticos. O modal
marítimo é responsável pela movimentação de 90% do comércio
mundial. Dependendo dos danos e da frequência dos ataques,
especialistas concordam que os valores dos fretes poderão subir
para as indústrias e, na sequência, para os consumidores
finais.
No mercado de seguros, há o desafio da
tarifação adequada, porque não há dados concretos dos ataques
cibernéticos. Ao lado disso, as apólices existentes de ciber ou
casco exclui a cobertura do sistema de navegação causado por
atolamento ou danos físicos a embarcação decorrente de um ataque de
hacking. “O transporte marítimo é muito vulnerável, não apenas ao
bloqueio de seus sistemas, mas agora também ao spoofing”,
disse.
Em entrevista, o professor David Last,
consultor estratégico do General Lighthouse Authority do Reino
Unido e da Irlanda, reconhece que o transporte marítimo é muito
vulnerável, não apenas ao bloqueio de seus sistemas, mas também ao
spoofing mais recentemente”, afirma, referindo-se a dispositivos
que podem transmitir falsos sinais de GPS.
Até agora, os ataques cibernéticos
mais relevantes atingiram centenas de navios de pesca da Coreia do
Sul, no ano passado, obrigados a retornar mais cedo para o porto
depois que seus sinais de GPS foram atolados pela Coréia do Norte,
que negou a responsabilidade. Há uma história de um hacker que
desviou contêineres no porto belga de Antuérpia. Nos EUA, já houve
interrupções de dois portos por várias horas, em razão de
interferência do GPS, ocorridas em 2014 e 2015.