As famílias das vítimas do acidente aéreo envolvendo a equipe da
Chapecoense devem enfrentar dificuldades para ter acesso às
indenizações. De acordo com Pedro Fida, especialista em direito
desportivo, a transnacionalidade da tragédia obrigará os parentes a
viver uma “saga” até a definição da jurisdição em que serão movidos
os processos.
O advogado atenta que o acidente envolve um aeronave Avro RJ-85,
de fabricação britânica, e que era pertencente à Lamia, uma empresa
de capital venezuelano e com sede na Bolívia. O avião transportava
77 pessoas e caiu na Colômbia, provocando 71 mortes – a maioria
brasileiros.
“É um incidente transnacional, isso não é tão simples. Quem vai
pagar a conta no final são as resseguradoras, que assumem a conta
da seguradora principal. Mas, como é uma empresa aérea pequena e
boliviana, talvez a apólice não seja tão robusta. Há dúvidas também
com relação à saúde financeira da seguradora e da própria empresa
na hora de pagar”, disse Fida.
“Em um primeiro momento, a empresa
é responsável por pagar, mas há outros responsáveis. Aí começa uma
saga. É comum no direito falar em fórum-shopping. Há um
livre-comércio para se escolher em qual jurisdição o processo
ocorrerá. Se o problema foi no freio do avião, e o freio foi
produzido nos Estados Unidos, então há um elemento de causalidade
naquele país. É preciso ver se será na Bolívia ou na Inglaterra”,
explicou.
Fida recomendou que as famílias das
vítimas procurem uma assistência jurídica especializada para buscar
o direito às indenizações. “É difícil que a Chapecoense se envolva
neste assunto. E eu não recomendaria. Os familiares devem buscar
uma assessoria independente. Existem, por exemplo, especialistas
nesse tipo de causa e que percorrem o mundo atrás de acidentes de
avião”, afirmou.